terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Teatro Atual é Teatro Consciente

TeAtRo & SuA FuNçÃo SoCiAl


O teatro na cidade de São Paulo pode ajudar a educação brasileira       

    Eu destino esse post como aluno de teatro participante de alguns projetos culturais no município de São Paulo e também como cidadão brasileiro após ver algumas notícias sobre o fraco desempenho da educação nacional.
  Inicio falando um pouco sobre o PROGRAMA MUNICIPAL DE FOMENTO AO TEATRO, criado exatamente à 12 anos (Lei Nº 13.279 - 8 de Janeiro de 2002), coordenado pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Por ser um tema complexo decidi apenas pincelar o foco geral do programa.

para saber mais sobre o progama acesse a página oficial:


"O Projeto Fomento vai em direção contrária ao mercado cultural na busca da formação crítica de quem faz e quem vê teatro."
(trecho retirado do livro "Teatro & Vida Pública")

  Hoje o que chamamos de Lei de Fomento nasceu a partir do manifesto Arte Contra Barbárie, encontros entre os agentes teatrais de grupos e companhias paulistas.

acesse: 

"O objetivo maior da Lei de Fomento é o cidadão, a população. Lutar pelo direito à cultura significa ter em mente que somos agentes, que somos meios para que as pessoas tenham acesso ao bem cultural e artístico. Se o "Fomento" vem proporcionando condições mínimas de trabalho aos coletivos contemplados não podemos nos acomodar dentro dos nossos grupos e companhias, mas ter em vista sempre o público, que afinal é quem contribui com os impostos para que haja saúde, educação e cultura. Quem sabe possamos promover a melhoria da vida em nossa sociedade."
(trecho retirado do livro "Teatro & Vida Pública")
  
E como funciona na prática o tal do Fomento?

Atenção:
Como tudo, a Lei do Fomento tem seus prós e seus contras, porém, abordo 
o lado positivo que trouxe aos grupos teatrais paulista.

   Grupos independentes que não tenham patrocínio para gerar recursos para o desenvolvimento de seu trabalho criativo tem a oportunidade de mandar o seu projeto para a Banca Avaliadora da Lei de Fomento. Essa banca em geral é composta por uma equipe do meio artístico teatral com uma boa caminhada sobre as verdadeiras necessidades de um coletivo, além de possuir ou ter experienciado um grupo já consolidado.
   As inscrições são feitas entre os meses de Janeiro e Junho de cada ano, onde o projeto deve mostrar seu objetivo, plano de trabalho, cronograma financeiro (esse com limite), componentes do grupo e histórico do coletivo. A verba que vai abastecer esses grupos serão providas pela Secretária Municipal de Cultura.
  Desde seu surgimento a criação de novos coletivos teatrais cresceu bastante e continua crescendo (o que não significa que todos se firmam), mesmo assim, essa nova leva, aproximou o teatro daquela população que nunca tinha tido a oportunidade de pisar num "teatro convencional". Muito desse surgimento deriva de projetos paralelos à Lei do Fomento, como é o caso do Programa Teatro Vocacional, que são espaços públicos abertos como C.E.U., Bibliotecas, Teatros Públicos, realizando oficinas gratuitas para a população local trazendo muitas vezes o primeiro contato com o mundo teatral.
    O objetivo principal do Fomento não é somente o resultado do trabalho em si, no caso, uma peça de conclusão como item de avaliação, mas é favorecer a pesquisa, a busca de novas linguagens teatrais de um trabalho contínuo, e principalmente, favorecer a população sendo o teatro como um instrumento educacional.
   Grupos que são ou já foram fomentados como "Brava Companhia", "Companhia Sobrevento", criam novos espaços do fazer teatro, levam seus espetáculos as periferias paulistas, lugares onde uma determinada comunidade não tenha fácil acesso aos tradicionais teatros (seja por locomoção ou fator financeiro) e também para as ruas do centro da cidade paulista. Muitas das peças são textos críticos que fazem o espectador refletir a sua verdadeira postura na sociedade contemporânea.
    E o melhor de tudo, são peças gratuitas, ou seja, o teatro se torna algo mais próximo da realidade financeira brasileira.

"Este Lado Para Cima" - Brava Companhia

 "Este Lado Para Cima" - Brava Companhia

 Corinthians, Meu Amor - 2012

"A Brava"






"São Manuel Bueno, Mártir"


uma programação de 2013

                                       SAIBA MAIS: "GRUPO SOBREVENTO"

  Eu bato diversas vezes na tecla "educação-teatro", porque sempre vi o teatro como algo transcendente do entretenimento. Sendo algo sublime que leva o espectador a refletir, questionar, modificar ou mesmo até negar determinada situação. Longe de mim vê o teatro como um dogma, porém, ele exercita o plano da nossa criatividade para tornar a sociedade mais humana e justa.

    Mas como é possível cada um refletir sobre o seu espaço na sociedade, se não existe uma educação adequada que leve aos primeiros passos desse conhecimento?
  
   Veja, entre 144 países avaliados segundo o Fórum Econômico Mundial apresentado no dia 10 de Abril 2012, o Brasil aparece no 116º lugar em educação, atrás, por exemplo, de Chade, Suazilândia e Azerbaijão. Temos uma grande população, mas o ensino de massa, onde pessoas são "números", servem apenas para mostrar nos gráficos durante as campanhas eleitorais. Esse tipo de conduta, não forma seres pensantes.

Veja a notícia:

  Com um governo nem sempre adequado, honesto e transparente, a educação para atender tamanha demanda virou linha de produção sem qualidade. Se perguntamos o que é educação, muitos não sabem responder.

Definição de educação, segundo Dicionário Online de Português:
Ação de desenvolver as faculdades psíquicas, intelectuais e morais: 
a educação da juventude.

   Se hoje, vemos situações na qual  alunos batem, arremessam mesas, cadeiras, rasgam diários de classe dos professores, como podemos querer uma sociedade que pense e respeite?
   Apesar desse lado negativo, podemos observar também iniciativas desse desenvolvimento do ser pensante, como é o exemplo de professores da rede de escolas públicas levarem seus alunos aos teatros para assistirem peças a preços populares.
   Isso já é um passo que favorece uma melhoria na qualidade da educação. E já que por enquanto, não temos o respaldo necessário de um governo interessado em terminar com o privilégio de poucos, temos em contra partida, uma parcela da sociedade sedenta por sair dessa linha de produção sem qualidade e se tornar um ser pensante!
   É o "jeitinho brasileiro" do bem!


OBS: para saber mais sobre a Lei de Fomento, sobre a democratização do 
teatro consulte o livro:
“Teatro e Vida Pública – O fomento e os coletivos teatrais de São Paulo” 
lançado pela Cooperativa Paulista de Teatro em 2012


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

O Teatro Oriental Indiano

Hey, meu povo, minha pova!
Já que comentei anteriormente sobre o início do teatro lá 
na Grécia, dedico agora esse post ao Teatro Oriental, muitas
vezes esquecida pela cultura ocidental. E nada melhor que
começar pela Índia, terra de tantos mistérios e riquezas
espirituais!
OBS: no final a reflexão de um grande mestre hindu sobre o teatro e 
também sobre a vida!


Drama Sânscrito Indiano - O Mergulho Espiritual:



   Teatro surgido entre os séculos IV e V. A ligação do teatro indiano com a dança é muito forte. Os temas se baseavam em histórias tiradas da épica hindu, como o "Mahabharata" e o "Ramayana".
  Na Índia encontramos uma única palavra para designar dança e teatro – "Natyashastra", o que equivale dizer que para o ator ou bailarino indiano não haveria a "priori" nenhuma distinção entre essas duas linguagens. Isto nos permite especular sobre o modo como as artes cênicas indianas compreenderam o fenômeno da representação em seus infinitos cruzamentos com outras formas de expressão, tais como a música, o canto, a dança, a pantomima e as artes marciais. Obra de arte total. Seria a própria diluição de tradições passadas onde essa indistinção entre o jogo cênico do ator e o jogo cênico do bailarino soaria indiferente.
    O Natyashastra possui uma origem que nos remete a era cristã. Todos os textos sagrados indianos denotam a importância do teatro na vida daquele povo. A arte da dança agrada os deuses; é uma expressão visível de homenagem dos homens aos deuses e de seu poder sobre os homens. Boa parte das tradicionais danças indianas remotam aos cultos e rituais sagrados que se tornariam seculares através dos ensinamentos dos mestres brâmanes e das sacerdotisas de Shiva as devadãsi. Esse tipo de dança serviu de modelo para muitas outras danças que se tornariam emblemáticas na cultura indiana.

(os livros sagrados)

   Em especial no teatro Kathakali uma linha inquebrantável entre a harmonia da dança presente nos mais diferentes artefatos visuais dos templos e palácios, com a métrica e a poesia da palavra cantada que é uma substancia peculiar ao teatro. Tantos os atores e os bailarinos exerciam com a mesma maestria a pantomima, a dança, o canto e as artes marciais.
   O teatro Kathakali e o teatro Therokothu, duas formas dramáticas ligadas ao universo cultural e popular da Índia, nos forneceu indicadores de um diálogo intercultural permanente entre o Ocidente-Oriente que acrescentou novas possibilidades formais para os encenadores modernos da Europa e dos EUA, como é o caso do britânico Peter Brook.

   Teatro Koodiyattan: é o mais antigo do teatro indiano. É o mais proeminente sobrevivente entre as formas contendo alguns elementos essenciais do conteúdo e as características estruturais de teatro sânscrito. Peritos o consideram mais avançado que o Kathakali. Sobrevive até os dias de hoje porque famílias têm mantido a tradição de uma maneira ortodoxa. Permite a participação das mulheres sendo tradicionalmente uma parte de templo rituais, realizada como uma espécie de sacrifício visual à divindade e é normalmente realizada em koothambalams ou templos teatro. Convencionais na maquiagem, costume bem como a forma, é uma elaborada mistura de gestos simbólicos e com diálogo e verso em sânscrito. Todos os personagens, promulgam o "Nirvahana", um recolhimento de acontecimentos passados na história, para formar um fundo para intensificar o futuro. O Koodiyattan recebeu da Unesco uma honra como patrimônio a ser protegido e preservado. Foi a primeira vez que ela tinha dado a honra em forma de arte “é um exemplo notável tradição à base de criação de uma comunidade cultural”.

(performance Koodiyattan)

(exemplo de um koothambalam)

   Teatro Therokothu: os atores, músicos e bailarinos – todos os homens, diga-se de passagem – se dedicam integralmente a este tipo de representação teatral no período dos festivais, entre os meses de novembro e abril. Existe um ator-narrador que cumpre o papel do mestre de cerimônias.
   Por ser o tipo de uma apresentação popular e sem grandes recursos cenográficos (o espaço cênico se define em um tablado onde se localizam os músicos que se revezam durante a encenação que pode ser a noite toda), o Therokothu se distancia bastante do Kathakali, uma arte que é mais refinada do ponto de vista da sua estrutura dramática.

   Teatro Kathakali: É o estilo de dança-teatral mais popular da Índia, além da mais rica forma. É exclusivo para homens, uma dança que recebe influências de antigas artes marciais de Kerala. É considerada nobre e sagrada, falada até hoje pelos brâmanes. Enquanto personagens deuses falam no dialeto aristocrático, as mulheres, escravos e personagens menores falam dialeto da classe baixa. As peças começam e terminam com uma prece. Não há valorização das expressões ou ações nas peças hindus. A tristeza é representada por uma leve melancolia. Beijar, comer, dormir ou gritar é indelicado. Havia um frequente contato entre a Terra e o Céu.
   Na Índia acredita que o palco é sagrado, local escolhido pelos deuses para que se dê a eterna luta entre o bem e o mal. No Kathakali tudo nele é cheio de significados religiosos e realizado como ritual. Por ser um ritual o palco é simples e antes de começar a peça o vocalista inicia uma canção invocatória acompanhado por címbalos e percussão. Durante essa iniciação um ator permanece por trás das cortinas realizando uma performance.


   A maquiagem determina a natureza dos personagens exemplo do verde que representa o herói. Existem três tipos de personagens Sattvik: nobre, heróico, generoso; Rajasik: pertence a classe dos demônios guerreiros; Tamasik: caçadores, moradores da floresta e demônios femininos. 


(o cuidado com o preparo da maquiagem)

   O ator bailarino no Kathakali também é um sacerdote e, por isso, deve ser capaz de responder cada aspecto da sua vida num equilíbrio constante de sua arte que é sempre regida harmoniosamente pelos elementos. A formação física obedece a antiga tradição dos guerreiros e artistas marciais de Kerala. Tamanha é complexidade e precisão na formação técnica do ator de Kathakali que inicia aos 08 anos de idade durante 8 anos de treino sob uma conduta militar.

(mais uma grande representação Kathakali)


(reparem nos olhos desse ator, fantástico)


"Por ser o Kathakali uma dança sagrada e ritual para os hindus, ela se torna uma ambiguidade por demais complexa para os ocidentais. O Ocidente não entende uma arte espiritual. É um povo adiantado materialmente, mas muito atrasado espiritualmente. O Teatro é uma manifestação da alma e por isso requer devoção e fervor, pois é necessário sempre mergulhar profundamente nas coisas às quais nos dedicamos. O Ocidente nos pede minerais, água, gases. Mas devemos escavar em busca de petróleo. Porque gases, minerais e água devem ser simplesmente a consequência dessa busca. É sempre na intenção do petróleo que devemos escavar o que almejamos. Se eu decidisse doar um milhão de rúpias a alguém, em notas de uma rúpia, eu precisaria de um milhão de notas. Mas se preferisse doar essa quantia em ouro, bastaria um pequeno pedaço e ele teria o mesmo milhão." 
(Agandanadam, velho sábio hindu)



domingo, 16 de fevereiro de 2014

"Brothers - A Tale Of Two Sons" - Um jogo diferenciado!

Saudações terráquíos!
Desculpe o longo post, mas ainda é pouco para esse super game!


    Bem, estava eu "pangando" em casa na última madrugada de sexta-feira, quando tive um estalo de procurar na net algum jogo interessante (fique claro, que o último jogo que joguei pra valer foi o GTA Vice City logo que lançou, como a vida pediu mais foco a diversão teve que diminuir....). Como há muito tempo estou desatualizado dos games, fiz aquela busca básica no google, porém, não tinha nenhum jogo que me despertasse interesse.
   Outro problema é que não tenho controle, então, preciso usar o teclado e isso limita um pouco a ação, já que muitos games pedem variadas combinações. E eu por ser um pouco do contra, não curto muito os jogos que estão fervendo nas lojas, prefiro algo mais "cult". Jogos que não estão na mídia, mas que nem por isso, são sem qualidade e diversão!
   Enfim, eis que leio um breve parecer de um jogo muito curioso, "Brothers- A Tale of Two Sons":


"junte-se  aos irmãos para sua jornada épica de conto de fadas, criado pelo visionário sueco diretor Josef Fares e o desenvolvedo do primeiro Starbreeze Studios. Controlar os dois irmãos ao mesmo tempo: um mecânico de um jogador do jogo, mas a cooperativa...nunca ví! Resolver quebra-cabeças, explorar diferentes cenários e lutar controlando um irmão com cada vara."
(não modifiquei em nada o texto)


   Sendo assim, no primeiro momento veio: Que p**** é essa?? O que o cidadão quis dizer....cliquei e continuei lendo, mas o que me chamou atenção não foi essa explicação super esclarecedora. Assim, que entrei na página destinada ao jogo, dei de cara com imagens sensacionais do cenário em alta qualidade, resolução e de detalhes muito interessantes, algo remeteu aos meus sentimentos, não sei explicar bem, só sei que eu queria jogar....e fui pesquisar mais sobre a história do jogo e aí, a temática me deixou mais empolgado:

"dois irmãos vivem num pequeno vilarejo com seu pai. O pai está doente e eles precisam se aventurar pelo jogo para encontrar o remédio para salvá-lo. Os desafios que vão surgindo ao longo do caminho são resolvidos nas ações conjuntas desses irmãos."


   Ok, jogo instalado, e logo na abertura o cenário a trilha sonora são bastante emotivos, une então com o vídeo do irmão menor ajoelhado, rezando em frente a uma lápide....(não conto de quem, nem o que acontece, só vendo para sentir esse momento), depois dessa abertura a sua vontade de ajudar os dois irmão a encontrar o remédio para a cura da doença do pai é ainda maior....


   O jogo desafia em variados quebra-cabeças, exigindo o uso da criatividade do jogador, que terá de encontrar estratégias para avançar ao longo das aventuras. Esses dois irmãos há o caçula (o mais inocente, sensível, e pentelho na interação) e o mais velho (o que usa da força em certas partes). É legal você controlar os dois simultaneamente no teclado, seja para se movimentar, ou quanto para fazer algo (ações super simples, porque não requer altas combinações), principalmente para praticar "aquela coisa", que muitas vezes, temos dificuldade em lidar: trabalho em equipe
  Em diversos momentos, será preciso controlar os dois para ações conjuntas do tipo: pezinho para pular (e tantas outras situações que só jogando para saber o que é uma verdadeira "dupla de dois")
  


   O jogo é hipnotizante do começo ao fim, seja, pelas as ações humanitárias, as brincadeiras inocentes, o trabalho de equipe dos irmãos, a trilha sonora, os cenários de qualidade visual muito bem elaborados, os efeitos de som de diversos personagens. Existe muito som da natureza, rio, mar que percorrem todos os cenários, fora a interação com os animais e os personagens humanos, onde acaba sendo uma mistura de diversão, emoção e inocência.

  Também é uma incógnita os diálogos, não é em português, inglês, russo ou mesmo mandarim, é uma linguagem própria dos personagens, mas não se aflija, fica claro nas imagens e nas situações o que eles querem dizer e até mesmo o que ele estão sentindo. Durante o jogo, você percebe que está vivendo junto com os personagens, não está apenas controlando para cumprir missões, mas compartilha com eles alegria, dúvida, emoção. Você se torna um membro da família!


  Os criadores fizeram o clássico de deixar o mais emocionante para o final, realmente fecharam o jogo com chave de ouro. Notará o crescimento dos personagens em suas últimas ações, e por um momento, você também acaba fazendo uma pararelo com sua vida em termos de amadurecimento...

   É uma lição atrás da outra, a valorização da vida, da amizade, da família, do espírito solidário com quem, quer que seja, pois, lá na frente a vida irá te recompensar, e também dos momentos de diversão. E mais do que qualquer outra coisa, o  jogo é uma lição de fé, mostrando que mesmo com tantos desafios e altos e baixos pelo caminho onde a dúvida aparece, a vida sempre trará a oportunidade de uma força maior para seguir em frente....


   Nunca fui interessado nessa linha de comentar jogos, acho que precisa estar muito por dentro do mundo dos games e ser inteligente para esse tipo de tarefa, coisa que eu não sou. Nesse caso fiz uma excessão, porque, é um achado encontrar "Brothers - A Tale Of Sons" em meio a essa onda de jogos, na qual a maioria é de guerra, violência exarcebada, trapaça, destruição, headshot em zumbis, etc... 

   Isso, porque enquanto jogava eu refletia o quanto seria mais saudável se hoje as pessoas fossem mais companheiras, cuidassem mais da natureza, olhassem mais o próximo,  e vivenciassem muito maaaaaaais as alegrias simples que a vida nos proporciona ao lado da nossa família e amigos, ao invés de sermos tão gananciosos ou desesperados pelo consumo excessivo de bens materiais! Afinal quando não valorizamos aquilo que temos, na hora que perde o sofrimento é muito maior, playboy!


   O único, porém, é ser um jogo curto, deixando aquele gostinho de quero mais. De três a quatro horas você zera, por isso estou jogando aos poucos e apreciando cada detalhe para não perder nenhum momento bacana!

   Um jogo recomendando para todas as faixas etárias, só quem jogar e tiver um "feeling" sobre as coisas que mencionei acima, vai entender o porque esse jogo passa a ser tão cativante.
   
Anyway, encerro por aqui, mas seria fácil ficar 
horas falando sobre Brothers...ehehe 

 







segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Comédia Grega & Drama Romano

A Comédia Grega e a Comédia Nova:

    A comédia grega se baseava nas festas do deus Dionísio. Aristóteles definiu a comédia sendo homem inferior já que a tragédia era de homens superiores. Sendo a comédia sobre temas comuns. Na comédia a importância do coro era fundamental e existia uma grande interatividade com o público, pois os atores dialogavam com os mesmos.
   Um dos principais autores de comédia foi Aristófanes que escreveu mais de 40 peças, mas na qual só conhecemos onze. Temas abordados em torno da democracia, o papel da mulher na sociedade, a guerra entre Atenas e Esparta, a corrupção, as discussões filosóficas, o início da classe média, em geral cunhos sobre política e social. Alusões jocosas aos mortos e chegou até mesmo fazer satirizarão dos próprios deuses.
   Porém, essa fase da comédia grega teve fim quando Atenas se enfraqueceu na Guerra de Poleponeso, já que a democracia também desabou.
   Com o fim da fase da comédia de Aristófanes, surgiu a Comédia Nova e o principal autor dessa época foi Menandro que escreveu mais de 100 peças,("Aspis", "Epitreponte", "Dyskolos", "Samia", "Sikyonios"), mas a maioria é conhecida apenas por título ou fragmentos. Criava peças de temas de viagens, disputas familiares, amores clandestinos, e seus personagens eram cozinheiro, militares, filósofos, escravos, médicos e adivinhos. Menandro deixou influência  para os romanos como Plauto e Terêncio.
      A visão dessa comédia nova em muitos aspectos deixou totalmente de lado a ligação com a comédia passada na perca da força do coro como ação, a política some dos temas e são usados temas mais leves sobre relações humanas, já não existe mais as sátiras violentas e a linguagem é comportada.

Uma tradicional representação de uma festa à Dionísio, 
também chamado de Baco pelos romanos.

Dessas famosas festas ao Deus do Vinho 
surgem as expressões bacanal 
e orgia




Palco da Guerra de Poleponeso (Atenas x Esparta)

 Máscaras da Comédia Nova




A Sociedade e o Drama Romano:

   O apogeu do teatro romano deu-se no século III e II a.C. com Plauto e Terêncio. A tragédia com suas diferenças dos modelos gregos (já que no início eram as traduções do teatro grego para o romano), insistiam mais no horror e na violência no palco que era representada, grande preocupação com a moral, e discursos elaborados. Porém, com isso, esse tipo de teatro foi perdendo interesse para os romanos menos instruídos que preferia algo mais simples como a mímica, a pantomima e de mais entendimento e com mais ação.
   Sêneca tentou ressuscitar esse teatro tradicional, mas em vão e ficou sendo um teatro intelectual voltado apenas para a aristocracia da época. A maioria da sociedade se interessou com grande alegria pelo espetáculo circense e mimos improvisados de Plauto e Terêncio, que não faltava disfarce, truques de escravos, obscenidades. Esse tipo de espetáculo era de tamanha força na classe de massa que mesmo a igreja e a política tentando proibir suas atuações não conseguiam.
  
Plauto 230 a 180 a.C

São 21 peças que chegaram a época moderna. São as comédias mais antigas em latim. Personagens como escravos, concubinas, soldados e velhos faziam parte do seu repertório. Adicionou numerosas alusões romanas e introduz elementos de canto e dança. Sua obra reproduz com fidelidade a vida dos romanos da época. Os enredos farsescos são em geral baseados em casos de amor ou confusões decorrentes de trocas de identidade.

   Terêncio 195 a.C a 159 a.C:

Escreveu 6 comédias, com personagens geralmente da classe alta com estrutura de versosObras: "O Eunuco", "Hécira", "Os Adelfos", "Andria", "Heautontimoroanenos". Apesar de serem grandes obras, o público na sua maioria preferia o trabalho de Plauto, sendo assim, sua obra só foi mais apreciada na Idade Média e Renascença até os tempos de Moliére.

   Sêneca 4 a.C a 65 d.C: 

Numa prosa coloquial, seus trabalhos exemplificam a maneira de escrever retórica, declamatória, com frases curtas, conclusões epigramáticas e emprego de metáforas. A irônia é a arma que emprega com maestria, principalmente nas tragédias que escreveu as únicas do gênero na literatura da antiga Roma. Versões retóricas de peças gregas, elas substituem o elemento dramático por efeitos brutais, como assassinatos em cena, espectros vingativos e discursos violentos, numa visão trágica e mais individualista da existência. Por ser de difícil linguagem e entendimento somente a aristocracia se interessava pelos seus espetáculos. 

Ruínas de um teatro grego da Antiguidade 
na cidade de Epidauro





sábado, 8 de fevereiro de 2014

1° Post --> Bem-Vindo ao Início da Era Teatral

Hey vcs que são crazy little child...


   "De repente ideias...
   Anyway, com esse "supeeeer-meeeega-hiper-ultra-blog interessante" venho expor ideias, curiosidades do mundo da filosofia, através de temas simples e comuns ao nosso cotidiano como teatro, música, notícias, reportagens, histórias da humanidade, biografias, etc...


O Curiosidades do Tempo Perpétuo será atualizado 
no mínimo uma vez por semana.

   Começo falando um pouco sobre a história do teatro a partir de um trabalho que fiz o ano passado para uma oficina teatral. Para esse trabalho, minhas fontes foram diversas, desde livros teóricos do mundo do teatro, biografias de grandes artistas, livros de filosofia, um material onde a busca não termina tão cedo. Tentarei direcionar numa ordem cronológica temas, autores, pesquisadores e derivados que de alguma forma contribuiram para o teatro ser o que é hoje ....

....aquelas descobertas, experiências, estudos lá do passado (quando sua tátátátátátára-avó e coloca muitos tátás...ainda nem era nascida) abriram a visão do mundo dos sonhos, dúvidas, alegrias, medos, da espiritualidade e de todo universo invisível que passa dentro do ser humano, tentando transportá-los para o campo visível do que hoje chamamos mundo real...


   E como não podia ser diferente, e para horar minha terra de nascimento, começo com um curtíssimo histórico do teatro lá no Antigo Egito, isso mesmo, beeeeem antes de Cristo....(não conseguir colher mais material de pesquisa, pois na época não encontrei fontes confiáveis disponíveis e o tempo era corrido, mas ainda vou aprimorar esse tema) e logo em seguida, parto para clássica Poética de Aristóteles e um pouco sobre três grandes autores da tragédia grega.

   Espero que gostem, porém, já digo que sou burro, e não sou bom com escrita, e tão pouco sou especialista em alguma coisa que eu faça.....só que como sou muito curioso e gosto de ler sobre a humanidade e sua história mundial ao longo dos anos, acho interessante correr o risco...ehehe..

   Sinta-se em casa, a água está na geladeira, vai lá!



Culto aos Deuses - Dramas Religiosos Egípcios – 
1200 a 1500 a.C.:


  Os mais antigos poemas dramáticos que conhecemos são de combate e purificação. Tratam de textos egípcios que datam da XVIII ou XIX dinastia, isto é, por volta de 1200 a 1500 A.C.
   Um deles refere-se a ressurreição de Horus. É uma espécie de clamor de angústia que culmina em vitória e alegria, cujo movimento lírico ainda predomina sobre o movimento dramático. Tratam-se muito mais de uma sucessão de monólogos, inovações litanias, cantos do que um verdadeiro diálogo dramático. Mas isso corresponde ao que conhecemos das formas primitivas do sânscrito, ou mesmo, de nossos primeiros textos de teatro religioso.
 Os egípcios tinham danças de conjunto, de solistas, duos, trios, etc., mas, aparentemente, só os camponeses usaram, de fato, a dança coletiva, seja em ritos de fecundidade, seja em tramas pluviais. Evidenciando a distinção de classes sociais, os nobres só executaram, reservadamente, danças individuais e austeras. Os dançarinos dos templos constituíram-se em classe considerada especial.


A Poética de Aristóteles 335 a 323 a.C. (A Tragédia Grega):

     A poética de Aristóteles sobre a tragédia:


“A tragédia é a imitação de uma ação de caráter elevado e completo, de uma extensão, numa linguagem cujo sabor é realçado por um tempero de uma espécie particular de acordo com cada parte: imitação essa que é feita por personagens em ação e não por meio de uma narrativa, e que suscitando piedade e medo, opera a purgação própria e semelhantes emoções. Isto é, uma série de ações cujas consequências não passam de imaginária, e o espectador ou o interprete que aí se entrega sob a máscara do personagem pode exprimir-se sem nenhum receio de prejudicar o outrem e com sentimento de liberdade total que alivia. E este alívio que denominamos cartase e a purgação de paixões”



     A Poética diz que, a representação não deve visar o realismo, mas se baseia sobre o que poderia ter acontecido. Essa noção é delimitada pelo verossímil e pelo necessário. O verossímil contém componentes psicológicos e é plausível daquilo que o grupo social, em uma época acreditava possível. Para Aristóteles o verossímil é persuasivo uma vez que repousa em um determinado sistema de crenças. Eis o porquê deverá ser excluído do campo da representação trágica o irracional. O texto é a base de todo o espetáculo.
   O espetáculo trágico deve ser o de idealização, onde o herói deve ser mostrado fora do cotidiano do espectador, um ser superior e onde ações próprias provoquem medo ou piedade, isto é um mundo do eterno conflito entre o Bem e o Mal.          
  Aristóteles acreditava que a obra de arte tem como função provocar um prazer de natureza estética através da representação do real.
  Esse prazer da representação procede de duas emoções que são desagradáveis, o espectador sentir prazer diante do espetáculo de acontecimentos que na verdade teriam enchido de temor ou compaixão, porque precisamente esses acontecimentos são mediados por procedimentos da representação. Sendo esses sentimentos no teatro, eles são como purificados da amargura que os impregna na realidade. Duas emoções que só serão experimentados pelo espectador que admira intimamente aos sofrimentos do personagem trágico.

   Não só Aristóteles, mas outros três grandes autores gregos se destacaram 
na tragédia grega:


   Ésquilo 525/524 a 456/455 a.C

fundador do gênero. Uma de suas características era escrever em trilogia, como se fosse cada um o capítulo de uma narrativa dramática contínua. Acreditava que os deuses eram responsáveis pelo sofrimento dos homens, mas em beneficio da ordem e da harmonia do universo, cujo segredo estava em suas mãos. Também criou sátiras cômicas (*) que frequentemente abordava um tópico mítico relacionado.
   "Persas" é uma de suas grandes obras que sobreviveu até hoje, o tema baseia-se na vida de Ésquilo enquanto estava no exercito durante a batalha de Salamina, única peça que não retrata um mito heróico ou divino. Outras peças: "Oresteia", "Agamenon", "As Coéforas", "As Eumênides", "Sete Contra Tebas".


    Sófocles 497/496 a 406/405 a.C: 

era ator e foi inovador da técnica dramática como: a inclusão de uma terceira personagem em cena e o rompimento com a tradição das trilogias. Seus temas giravam em torno da moral e da religião. Suas tragédias tinham o homem no centro do mundo, mas também acreditava no poder irresistível dos deuses (mesmo que não tivesse fé na justiça divina). O objetivo era mostrar como as pessoas poderiam ser.
   Segundo Nietzsche, Sófocles tinha um pensamento trágico: “Para ele o mundo e a vida estão cheio de injustiças e de infelicidade dos que são inocentes. Se suas peças apresentam certa serenidade, é devido à beleza lírica, sobretudo dos coros, e através disso revela que o homem pode ser grande mesmo na derrota.”


   Eurípides 480 a 406 a.C:

escreveu cerca de 95 peças trágicas porém só 18 chegaram a nós. Abordava questões psicológicas, mito e a tragédia dos vencidos. Mostrava a realidade da guerra, dos excluídos, critica a religião em sumo, dizendo que o homem está entregue ao capricho dos deuses, e nada mais, e encara a condição humana sem abertura para a esperança, seja em direção ao céu, seja em direção ao futuro: irremediavelmente infeliz. Neste universo absurdo o homem só tem apenas a si próprio como amparo, e encontra sua grandeza na coragem de sofrer as provações. Ele que inseriu o prólogo na peça. Criava os personagens como camponeses e príncipes de igual para igual nos sentimentos de suas peças.
   Dramatizava os conflitos internos do indivíduo sem atribuir vitória final aos impulsos mais nobres. Exemplo de Hipólito em "As Bacantes", que colocava a questão de quão longe pode ir o homem na negação das exigências de alguma força superior com a sexualidade e a liberação emocional e seu ser finalmente é destruído por elas no momento em que tem o poder.
   Em "Hécuba", fala dos opressores na qual suas vítimas não permanecem impotentes. Fortemente massacrados, podem muito bem se tornarem demônios de fúria e ódio e seu desespero poderão tanto destruir quando ser destruídos. Um mundo igualmente obscurecido pelo opressor e pelo oprimido.

Sátiras cômicas (*): espécie de um segundo drama mais antigo que a tragédia. É considerada uma peça meio-séria, meio-burlesca, tragicomédia. Com o coro composto de sátiros apareciam como personagem essencial na ação. Tinha papel ativo com os demais personagens (como "Ulisses e o Ciclope" no drama satírico de Eurípides).