O
Estados Unidos Ocupa Seu Espaço
no Teatro Mundial de 1930 a 1960:
No final do século XIX, as companhias americanas já
haviam alcançado um nível de qualidade que permitia as várias delas fazer
excursões pela Inglaterra e outros países da Europa.
A atividade teatral já era tanta, a essa
época, que foi fundada uma firma chamada Syndicate, dedicada a planejar
temporadas nas grandes cidades e excursões pelos países. Acabaram estabelecendo
um virtual monopólio teatral, pois controlavam salas, pautas e atores.
É no século XX, no entanto, que o teatro
americano afirma-se como manifestação de uma cultura independente. O teatro
desde o final do século XIX, tornar-se uma profissão, exercida por um número
grande de americanos, e desde 1886 os técnicos de palco já tinha seu sindicato.
O sindicato dos atores, chamado Actors´Equity, data de 1913, regendo termos de
contratos e condições de trabalho com mão férrea.
Um momento marcante para a dramaturgia norte-americana
foi com a fundação do grupo chamado Provincetown Players, que, a partir de
1920, começou a montar as peças de Eugene O´Nell, abrindo caminho para uma
dramaturgia artística e intelectualmente mais ambiciosa, com características de
um nova cultura.
Eugene
Gladstone O'Neill nasceu em 1888 e foi um dramaturgo anarquista e socialista
estadunidense.
Recebeu o Nobel de Literatura de 1936 e o Prêmio
Pulitzer por várias
vezes.
Suas
peças estão entre as primeiras a introduzir as técnicas do realismo
influenciado principalmente por Anton Chekhov, Henrik Ibsen e August
Strindberg. Sua dramaturgia envolve personagens que habitam as
margens da sociedade, com seu comportamento desregrado, tentando manter inalcançáveis
aspirações e esperanças do 'milagre norte-americano'.
Todas as
suas peças desenvolvem graus de tragédia pessoal e pessimismo. Sua dramaturgia
influenciou reconhecidamente um importante dramaturgo brasileiro: Nelson
Rodrigues.
Nasceu em
um hotel na Broadway e seu pai, James O'Neill sendo um ator irlandês, fez Eugene viajar
desde criança com ele, sua mãe e com o irmão mais velho, na turnê do pai por
todo os Estados Unidos e portanto conheceu o teatro desde muito cedo.
(Eugene O'Neill)
Porém, o
Catolicismo irlandês do pai e o misticismo da mãe, Ellen Quinlan, criaram uma confusão na cabeça dele em
relação a Deus e à religião, característica que se transcendeu para suas obras.
O'Neill,
que não tinha qualquer vontade de cursar a faculdade, não conseguia ficar muito
tempo no mesmo trabalho, chegou até a fazer as malas e partir para Honduras à procura de ouro.
O pai
dele o fez assistente administrativo do elenco de sua companhia de teatro e
viajaram juntos de St. Louis,
Missouri até Boston. Eugene,
que não se interessava muito pelo trabalho recém adquirido, aproveitou o fim da
viagem e se aventurou em sua primeira viagem pelo mar.
As
viagens como marinheiro até a América do
Sul e África (65 dias em um navio norueguês de
Boston até Buenos Aires)
possibilitou contato com desertores, exilados e marginais de todo tipo que
auxiliaram na formação de seu caráter.
Permaneceu
muito tempo totalmente sem recursos vivendo como desabrigado e alcoólatra num
bairro próximo ao porto de Buenos Aires e mesmo na própria praia.
Aos 23
anos de idade as coisas começaram a dar certo em sua vida. Entrou para o elenco
de seu pai em uma pequena peça entre 1911 e 1912 e trabalhou por quase seis
meses como repórter no New London Telegraph" em que escreveu poemas (em
sua maioria satíricos).
Após uma tentativa de suicídio em
1912 O'Neill permaneceu cinco meses em um sanatório para tratar de tuberculose.
No Sanatório leu Ibsen, Strindberg, Nietzsche e Dostoiévski compulsivamente e
sentiu que escrever era o que queria fazer pelo resto de sua vida. Pela
primeira sentiu o prazer de impulso que o levou a escrever peças e trabalhar
artisticamente as experiências vividas até então. Após sua saída em 1913, em um
período de 15 meses escreveu onze peças de um ato, dois dramas e alguns poemas.
(Eugene O'Neill e a 3º e última esposa atriz Carlotta Monterey)
Com o seu drama "Além do
Horizonte", foi consagrado com o Prêmio Pulitzer em 1920. Foi o primeiro
dramaturgo estadunidense a receber o Nobel de Literatura (1936),
pela força, verdade e sentimentos profundos que trouxe à sua obra dramática ao
encarnar uma ideia própria de tragédia.
"Além do Horizonte" foi escrita
em 1918, durante a I Guerra Mundial. Embora não mencione a guerra, os
personagens de sua peça, marinheiros, comerciantes e agricultores, foram
grandemente afetados por ela.
O drama marcou o século 20 nos Estados Unidos,
uma longa história literária que trata de trágicos acontecimentos, resultado da
falha ou defeito de algum personagem, remontando assim o desempenho dos gregos
antigos.
Cada um dos personagens tem sonhos: Ruth
sonha em ter um marido, James sonha em ter uma fazenda maior e espera que seu
filho, Andy, se case com Ruth para que possam assumir a propriedade.
No entanto, os sonhos mais opostos são de
Robert e Andy. Robert é um poeta romântico, e sonha ir "além do
horizonte" para experimentar o mundo, Andy, sonha em se casar e assumir a
fazenda do pai.
(trecho - inglês)
"Além do Horizonte" explora o que
acontece quando dois homens se apaixonam pela mesma mulher, e a diferença entre
os compromissos que assumirão com ela.
Mais uma
vez e sempre, O’Neill se refere em suas peças personagens internamente
despedaçados que tentam através de auto-enganação e embriagues fugir da
responsabilidade sobre suas vidas. Com realismo radical expõe o abismo de suas
personagens, que sobrevivem de culpas recalcadas, sentimentos falsos e resignação
e que se envolvem em lutas sem sentindo uns com os outros.
Na obra
"Electra Enlutada" (1931), Eugene O´Neil faz um paralelo da sua obra
com os clássicos gregos. Abaixo Keka Bittencourt esclarece esse:
“Na trilogia Electra Enlutada,
Eugene O'Neill, traz uma nova proposta de como apresentar a peça grega, em uma
versão totalmente readaptada para o seu século.
Se, na tragédia grega podíamos ver o destino se concretizando, aqui, podemos observar o homem fazendo seu próprio destino por vontade própria, não dos deuses.
O'Neill consegue fazer um misto de épocas, utilizando, por exemplo, a arquitetura da casa, utilizada como cenário, grega, e com aspectos como detalhes no mesmo, modernos.
O que pode ser facilmente apontado é a psicologia dos personagens de O'Neill. Os seus personagens têm vontades, medos, receios e ressentimentos, todos eles sendo trazidos à tona durante o desenrolar do espetáculo.
Se, na tragédia grega podíamos ver o destino se concretizando, aqui, podemos observar o homem fazendo seu próprio destino por vontade própria, não dos deuses.
O'Neill consegue fazer um misto de épocas, utilizando, por exemplo, a arquitetura da casa, utilizada como cenário, grega, e com aspectos como detalhes no mesmo, modernos.
O que pode ser facilmente apontado é a psicologia dos personagens de O'Neill. Os seus personagens têm vontades, medos, receios e ressentimentos, todos eles sendo trazidos à tona durante o desenrolar do espetáculo.
O quadro familiar se apresenta
desmanchado, exatamente como era na época do período da guerra, nos EUA. Ezra Mannon, o chefe da família, tem
constante aparência zangada, é frio e tem mágoas com sua esposa Christine, por
tratar sua amada filha Lavínia mal.
Oris (Orestes), foi praticamente forçado pelo pai a ir pra guerra, o que fez sua mãe, Christine, ficar com grande ressentimento com Ezra, pois mãe e filho eram muito próximos.
Oris (Orestes), foi praticamente forçado pelo pai a ir pra guerra, o que fez sua mãe, Christine, ficar com grande ressentimento com Ezra, pois mãe e filho eram muito próximos.
Adam Brant é o grande 'vilão', pois se envolve emocionalmente com Christine, e da consequência dessa relação, é que realmente nasce o ódio e a sede de vingança entre os Mannon.
Lavínia, a Electra, se apresenta uma mulher de ações, forte, aparência soberana. Amarga e estranha, ela decide com convicção vingar a morte do seu pai, sem tripudiar.
Com este breve resumo sobre as características dos personagens, é perceptível o quanto O'Neill quis mostrar a psicologia na sua peça.
Pode-se dizer que em "Electra Enlutada" há um complexo de Édipo, pós Freud. O pai que ama filha, e filha que ama o pai. A mãe que ama o filho, e filho que ama a mãe.
Seus personagens são montados em uma psicanálise no privado.
E o mais interessante nessa personagem Electra, é que, assim como nos tempos de tragédia grega, ela mesma aceita seu destino de enfrentar os fantasmas do passado, se autojulgando de suas ações.
E é nesse misto de antiguidade trazida para a modernidade que Eugene O'Neill ajuda a fundar a dramaturgia norte-americana”.
Clique abaixo:
(filme completo - inglês)
Já a obra
mais próxima da sua vida pessoal, é “Longa Jornada Noite Adentro” onde a
estréia só foi liberada muito tempo após sua morte, conforme previu seu
testamento.
O enredo acontece na Nova
Inglaterra, 1912, na casa de verão dos Tyrone. O patriarca da família, James
Tyrone, é um homem idoso que há muito tempo abandonou as aspirações de ser um
grande ator, escolhendo viajar todos os anos apresentando a mesma peça. Sua esposa,
Mary, se tornou viciada em morfina, com pouco ou nenhum contato com a realidade
desde o nascimento do filho mais novo. O casal tem dois filhos: o mais velho,
Jamie, é um ator fracassado que foi "forçado" a seguir os passos do
pai e assim se tornou um alcoólatra. Jamie tem inveja do talento do irmão mais
novo, Edmund, que quer ser escritor, mas sua carreira pode ser abreviada por
estar com tuberculose. A jornada de um longo dia termina numa noite infernal,
na qual os três homens da família se embriagam enquanto Mary ensadecidamente
fala como se fosse jovem, quando era bem mais feliz. Ele conseguiu passar ao papel uma auto-imagem através do personagem
Edmund, em um mundo sem sentido e imponderável.
(inglês)
Diagnosticado
com parkinson e neurose, reduziu drasticamente sua vasta obra a quase nada,
pouco antes de sua morte. Morreu em 1953 em um hotel em Boston, vítima
de tuberculose.
Dito:
"Nasci num quarto de hotel e, maldito, morri num quarto de
hotel".
A década de 1930 teve dois movimentos
importantes, que mostram os americanos engajados em teatro político.
Rooselvelt, eleito presidente do país em 1932, foi muito original ao se lembrar
das artes em seu grande projeto do New Deal.
(Presidente Rooselvelt)
Foi com o nome de Federal Theatre Project
que o movimento foi criado, dentro do plano de estímulo ao emprego, porém ele
ficou muito mais conhecido como Living Newspaper, a forma dramática exercida
pelo grupo, que, a partir de um tom de documentário, colocava em cena problemas
específicos, para os quais reclamava ações igualmente específicas.
Os espetáculos tratavam temas como moradia,
saúde, sindicalização, serviços públicos, problemas raciais e temas fora dos
EUA, como "Etiópia", contando sobre a invasão italiana naquele país e
o resultado foi um espetáculo bem sucedido. Com grupos em várias cidades, o
Living Newspaper durou, em certos locais, até a década de 1950, porém o Partido
Republicano vetou no Congresso, o uso de verbas federais para as artes.
(Negro Repertory Unit)
Mais comprometido com a descoberta de uma
interpretação realista americana calcada no teatro de Arte de Moscou com ideias
de Stanislavski, e também influenciado pelas ideais de um teatro político, foi
o Group Theatre fundado em 1931 por por Harold Clurman, Cheryl Crawford e Lee Strasberg.
Lee Stranberg que jamais aceitou a
preocupação com formas exteriores, explorou para sempre a composição interior
de Stanislavski, que usou largamente quando fundou o famoso "método"
do Actors' Studio.
Stella Adler, por seu lado, tornou-se
inimiga mortal de Stranberg e fundou sua própria escola, na qual defendia o que
lhe parecia ser o verdadeiro Stanislávski. A escola Stella Adler tem prestígio
praticamente tão alto quanto o do Actor´s Studio.
O teatro profissional americano se afirmou
cada vez mais com um repertório variado; porém, é curioso lembrar que só na
década de 1940 seus atores que queriam ser levados a sério deixaram de usar
sotaque inglês; nessa década o teatro floresce com produções impecáveis e um
número cada vez maior de autores voltados para seu próprio país.
A safra de
autores de comédias de costume foi farta e brilhante, um bom exemplo é
"Nossa Vida com Papai", obras baseada nas memórias do escritor Clarence Day.
Não foi só de comédia, porém, que se enriqueceu
a Broadway; na década de 1940 é que despontam dois dos maiores nomes do teatro
americano do século XX, Arthur Miller e Tennesse Williams.
Miller sempre escreve sobre problemas que
afetam a sociedade americana, e logo a seguir ele cria "A Morte do
Caixeiro-Viajante", muitas vezes remontada e com versões tanto para o
cinema quanto para a televisão, uma das grandes peças da dramaturgia mundial.
A obra-prima de Miller no entanto, só chega
em 1953, depois de ele haver sido perseguido pela Comissão de Atividades
Antiamericanas do Senado McCarthy. A peça, que lida justamente com o fanatismo
e o preconceito, é uma obra rara, pois põe em jogo o clima do macartismo, sem
cair no pessoal ou no vingativo: "The Crucible" (As Feiticeiras de
Salém) é sem dúvida uma das mais importantes obras de todo o século XX,
publicada com um prefácio exemplar sobre as consequências do fanatismo em suas
várias manifestações.
(inglês)
(Arthur Miller e Marilyn Monroe)
Tennesse Williams ficou sempre no plano das
relações interpessoais, moldadas em todo os casos pela presença constante da
pretensiosa e decadente sociedade do sul dos Estados Unidos. Está sempre
pesando sobre seus personagens e postura saudosista em relação à uma época de
luxos e lazer sustentados pelo regime escravocrata.
O tom lírico de várias de
suas peças bem como uma constante ênfase sobre sexo, ainda rara na época,
deram-lhe lugar de destaque no quadro da dramaturgia americana.
O seu primeiro sucesso na Broadway foi em
1945 com "Algemas de Cristal", uma de suas mais consagradas obras.
"Um Bonde Chamado Desejo", que estreou em 1947, é definitivamente sua
obra-prima. Williams escreveu uma série de sucessos, todos com mesmo clima
denso e ameaçador.
(inglês)
"Um Bonde Chamado
Desejo" é o
retrato de uma sociedade decadente, personificada por Blanche DuBois, uma bela
mulher que volta para a casa da irmã por não ter mais para onde ir. À beira da
loucura, traumatizada e sofrida, ela entra em confronto com o mundo rude e
viril do cunhado, Stanley Kowalski. Essa tensão, estabelecida entre o
refinamento e a brutalidade, mostra uma família em ruínas num mundo
conflituado, sem lugar para o amor e para a sensibilidade.
As décadas de 1940 a 1960 foram, sem dúvida,
a idade de ouro da dramaturgia séria norte-americana.
Na década de 1960 aparece
um novo autor de impacto, Edward Albee, que estreou com a ótima peça em um ato
"História do Jardim Zoológico", mas atingiu seu maior sucesso com "Quem
tem Medo de Virgínia Wolf".
"Escrita em 1959, a peça de Edward Albee “A história do zoológico” é das primeiras obras dramáticas a enfocar a solidão e a violência como produtos das grandes cidades e da estratificação social. Em um parque, um americano medianamente bem-sucedido (a obra é clamorosamente americana) está gozando o seu mediano prazer de ler um livro sentado em um banco, quando um fracassado e excluído americano aparece e provoca um diálogo que é, na verdade, uma tentativa perseverante e implacável de estabelecer um contato que derrube as barreiras entre os dois. Peter, o bem integrado no american way of life , recebe a ingerência de Jerry em seu tranqüilo domingo. A cortesia e pseudo-humor do primeiro não escondem sua convicção de superioridade social, econômica e cultural, sem se dar conta que é justamente essa suposta superioridade que alimenta o violento ressentimento em Jerry. O encontro é desigual, com Peter a recorrer a seus valores rotineiros, decorados, e Jerry, sem nada a perder, tendo como único objetivo a destruição dessas defesas que o outro recebe de seu grupo social, uma verdade suprema que jamais examina." (Barbara Heliodora)
Em "Quem Tem Medo de Virginia Woolf?", trata de George um professor universitário, e Martha, sua esposa que é também filha do reitor, recebem no final da noite Nick, um jovem professor, e Honey , sua mulher. À medida que a noite avança, as confissões entre os quatro se tornam mais ácidas e a verdade se torna algo muito deprimente.
Autor desigual, Albee se preocupa, por vezes,
com um grande requinte verbal, em prejuízo da ação dramática; mas, entre
sucessos e fracassos, ele é, sem dúvida, um autor significativo.
(Edward Albee)
"West Side Story" de
Lehman também é uma bem-sucedida peça de
teatro, estreada em 1957 na Broadway, de autoria de Arthur
Laurents. A peça teatral, é uma adaptação livre, ambientada de "Romeu &
Julieta", de William Shakespeare. À semelhança do que acontece na peça "Romeu &
Julieta" de Shakespeare, apresenta Tony, antigo líder da
gangue de brancos anglo-saxônicos chamados de Jets, apaixonado por María, irmã
do líder da gangue rival, os Sharks, formada por imigrantes porto-riquenhos.
O amor do casal protagonista floresce entre o ódio e a briga das duas gangues e
seus códigos de honras, tal qual a desavença histórica entre os Capuletto e os
Montechio mostrada em "Romeu & Julieta".
Fenômeno da maior importância no teatro
americano do século XXfoi o aparecimento do movimento chamado off-Broadway, na verdade uma proveitosa alternativa para os
custos cada vez maiores para a encenação de espetáculos na Broadway, em grande
parte devido a exigências sindicais.
O segredo da off-Broadway foi um acordo com
os vários sindicatos ligados à atividade teatral, que abriram mão de uma série
de exigências para espetáculos apresentados em teatro que acolhessem, no
máximo, 199 espectadores. O nome nasceu do fato de locais pequenos terem sido
buscados longe do consagrado central teatral, porém, o problema não são os
endereços, e sim, o tamanho da platéia.
Foi criada toda uma atividade alternativa,
em que era possível experimentar, arriscar e revelar novos autores, e que
enriqueceu o panorama um tanto desgastado do teatro americano. Grandes sucessos
desses pequenos teatros, como "Hair" o mais memorável exemplo,
acabaram sendo transferidos para a Broadway, para atender à demanda de público,
uma vez que o sucesso do espetáculo já estava comprovado.
A música sempre foi parte importante do
teatro, e o musical pertence à mesma
família da ópera, pois tanto no primeiro quanto na segunda os personagens
existem dentro de um ambiente específico, no qual a música é determinante,
tanto para o aspecto dramático quanto para a conceituação estética. Não podemos
esquecer que a palavra, a música e a dança sempre estiveram juntas nos rituais
e folguedos das mais primitivas culturas.
O musical não é uma peça como qualquer outra
durante a qual algumas pessoas cantam; o musical é uma forma de arte diferente
e independente. No musical, a música, como a dança, se esse for o caso, são
partes integrantes, essenciais, da obra, do mesmo modo que na ópera.
Nas primeiras décadas do século XX já
apareceu um número grande de obras americanas no gênero, e aos poucos as
canções foram se integrando cada vez mais na trama. Logo aparecem compositores
quase que exclusivamente dedicados ao gênero, e podemos usar como exemplo Oscar
Hammestein II, que sozinho escreveu letra e música para "A Canção do
Deserto" em 1925 e, no ano seguinte, marcou época fazendo o mesmo para um
dos maiores sucessos da história do teatro norte-americano:
"Showboat", em que todas as famosíssimas canções realmente são parte
integrante do processo de fazer caminhar a ação dramática.
George Gershwin, que durante anos, junto com
Ira, seu irmão letrista, fez canções para o riquíssimo Teatro de Revista de
Lorezen Ziegfeld, viu montado, em 1935, seu "Porgy and Bess", já
descrito como "ópera popular", que hoje em dia faz parte do
repertório de várias casas de ópera tanto européias quanto americanas.
Mencionado
anteriormente, "Hair" foi o primeiro musical rock, teve um grande sucesso
e até hoje é representada. Outro sucesso norte americano foi "A Chorus
Line" um musical sobre dançarinos da Broadway
que participam da seleção por um lugar na linha de coro de um novo musical. Com
dezenove personagens principais, toda a história se passa num palco nu de um teatro nova-iorquino.
A trama oferece um vislumbre das personalidades dos bailarinos e do diretor
e coreógrafo
do show, à medida que eles descrevem os eventos que moldaram suas vidas e as
decisões que os fizeram tornarem-se dançarinos. Esse espetáculo musical é o que
esteve há mais tempo no palco.
O sucesso desse tipo de mega espetáculo é
tamanho que vem dominando tanto a Broadway quanto o seu equivalente londrino o
West End, em prejuízo do teatro chamado "de prosa", isto é, aquele
que é só falado.
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