O Tradicional Chá das 5 da Rainha Elizabeth e o
Teatro Inglês:
Era
extremamente propício o florescimento do teatro do fim do século XVI com a
Inglaterra sob o reinado da Rainha Elizabeth.
(Elizabeth I, pintura de 1575)
Nicholas Udall
primeiro dramaturgo inglês, apresenta uma adaptação de peça escrita por Plauto.
Nove anos mais tarde surge uma adaptação mais perfeita: trata-se da primeira
tragédia em moldes clássicos apresentada em palco inglês e seus autores são
Gorboduc de Thomas Sackville e Thomas Northon. Eles modificaram o tema de uma
tragédia de Sêneca inserindo em sua temática na crônica dos reais anglo-saxônicos.
Porém esse tipo de teatro clássico foi
decaindo e deu abertura para um novo tipo de visão teatral surgindo assim o Teatro
Elisabetano.
Um teatro que possui formato circular ou
poligonal, sem teto e de madeira. O palco avançava até o meio do edifício de
tal forma que o público o cercava por três lados tendo boa visibilidade. Alguns
destes tinham três níveis à afim de que várias cenas pudessem ser representadas
simultaneamente, mas no seu início inspirado pelos circos da época, usavam locais
improvisados e abertos como os pátios de hospedaria.
(Clique AQUI para saber mais sobre o espaço cênico elisabetano)
(visão térrea do Palco Elisabetano)
(visão de cima)
Os atores eram profissionais e recitavam no
meio, não diante do público, tornado-se assim um participante do drama. A
ausência de decoração e de efeitos especiais melhorava na concentração, na expressão
gestual, mímica e verbal dos atores. Não existiam interrupções entre um ato e
outro, já que era escassa de cenografia. O mobiliário e os objetos davam a localização
da ação (um trono era a corte, uma mesa uma taverna, etc.) Um teatro muito
popular, mas de má reputação.
O teatro espanhol forneceu um grande acervo
de obras para os dramaturgos ingleses, que muito com ele se parece: variedade
de enredos históricos, novelísticos, patrióticos, cômicos, construção em atos. Alguns
dramaturgos ingleses tiveram grande destaque no teatro dessa época: Thomas Kyd,
Christopher Marlowe, Ben Jonson, William Shakespeare.
Em geral, o autor inglês, não tinha a
preocupação de buscar temas clássicos grego-latinos, como assuntos para suas
peças, pois sabia que seu público estava interessado nos assuntos do seu país.
Havia a fusão da tragédia e comédia e do novelesco. Suas representações
envolviam todas as classes sociais, desde príncipes até camponeses mais
humildes.
A primeira obra teatral inglesa de importância foi escrita
por Thomas Kyd “A Tragédia Espanhola”, misto de
tragédia, de horrores e peça popular, a primeira tragédia de vingança. Thomas
Kyd foi uma das figuras mais importantes do Teatro Elisabetano.
Christopher
Marlowe foi precursor de Shakespeare, autor de imensa
obra dramática que pode ser bem representada pela citação de “O Judeu de Malta” (Clique AQUI para saber mais sobre o enredo) e também "Fausto",
peça escrita em 1588 ou 1592, com base na
história do Dr. Fausto, 1587, onde Fausto é o protagonista de uma popular lenda
alemã de um pacto com o demônio. Essa história é baseada no médico, mago e alquimista alemão
Dr. Johannes Georg Faust (1480-1540).
(Christopher Marlowe)
William Shakespeare revelou
na suas obras uma talentosa fusão de influências clássicas, tradições medievais
e no espírito de sua época, colocava o ser humano no centro dos acontecimentos.
Teve o dom de captar com igual maestria as paixões mais turbulentas e os
sentimentos mais puros, a mais rica alegria e o mais penoso desespero. Concebeu
as tragédias mais sombrias e as situações mais cômicas, narrando-as com justeza
de sua expressão e a magia do seu verbo. Exemplos como:
"Romeu & Julieta" –
personificação do amor irrealizado.
"Otelo" – protótipo do ciumento.
"Macbeth"
– ambição e remorso.
"Henrique VI" – retrato inescrupuloso, mas
divertido beberrão.
"O Mercador de Veneza" – usuário materialista por
excelência.
"Hamlet" – o dilema do homem de intensa vida espiritual.
William Shakespeare nasceu numa época
privilegiada para o teatro, pois com a Renascença tudo estava acontecendo no
campo da ciência e da tecnologia, aguçando a curiosidade do povo, e ao teatro
coube o papel de satisfazê-la. Esse Teatro Elisabetano era a caixinha mágica do
momento.
(William Shakespeare)
A leitura de seus textos requer grande
imaginação do leitor, porque não há interferência de um narrador que esclareça
o que este ou aquele personagem possa estar pensando naquele momento, cada
personagem fala da sua própria pessoa. Peças que cobrem anos tem locais
variados e existem até dezenas de personagens. Shakespeare, então passou por
ignorante literário e criminoso contra as boas maneiras, já que escrevia sobre
toda espécie de gente e classes, com vocabulário condizente.
Seus temas favoritos aparecem desde o
inicio, mas o tratamento se aprofunda à medida que ele amadurece como pessoa e
artista.
Shakespeare viveu numa época de grande
orgulho inglês, daí nasceu a “peça cômica”, contando a vida dos reis e heróis.
A primeira trilogia foi com "Henrique VI" surgindo assim a “peça
histórica” trazendo à trama do personagem a natureza do bom e mau governo.
Já "Ricardo III", é o primeiro
personagem que usa a convicção da época de que a deformação física reflete a
corrupção moral.
(legendando)
Com a “Megera Domada”, mostra o autor seguro
com a comédia, o que traz personagens bem definidos pelo diálogo, tratando da
ordem de casamento e família, com uma linguagem com menos rimas e mais fluente
da vida real.
(inglês)
"Sonho de Uma Noite de Verão" até
hoje é representado, pois apresenta um dos poucos enredos originais do autor.
Possui dois universos distintos: o casamento de Hermia e Lisandro e os artesões
que ensaiam sua peça para a festa de casamento do duque e Helena e Demétrio.
Historia passada na Grécia antiga, porém uma das peças mais inglesas de
Shakespeare.
(inglês)
A clássica história de "Romeu &
Julieta", mostra a única tragédia lírica, baseada no poema de Arthur Brooke de 1559.
Houve uma época em que Shakespeare
retorna às peças históricas da relação do governante com o poder como é o caso
de “Rei João”, que lida com os conflitos bem x mal das moralidades para
retratar os desmandos do reinado do chamado João sem Terra. “Ricardo II” indaga
se é melhor um mau rei legitimo ou um bom rei usurpador.
Meio a preocupações políticas em 1599,
Shakespeare escreve “As Alegres Comadres
de Windsor”, escrita em duas semanas, única peça que se passa no cotidiano da
classe média inglesa.
Entre 1599 e 1608, escreveu sete tragédias,
nas quais o tema é o mesmo: como o homem enfrenta o mal que sempre existe e o
que o mal faz a ele.
“Julio César” foi o primeiro que fica no meio da peça
histórica e trágica, de uma linguagem magistral, invoca a imaginação romana.
(espanhol)
“Hamlet” a mais famosa, de linguagem rica,
porém comedida referência de uma antiga saga nórdica, uma história de vingança,
que se transforma numa investigação sobre a condição humana.
(espanhol)
“Otelo”, o mal é também é externo e a
tragédia expressa o horror que ele pode trazer a um homem bom e integro. Shakespeare criou "Otelo"
com uma dignidade, uma majestade a que nenhum de seus outros personagens
protagonistas trágicos se iguala.
(inglês)
“Macbeth”, aparece o personagem cindido, com
o mal presente nele mesmo. Exemplar defensor do reino, heróico em batalha,
pessoa dotada de virtudes, mas quando a ambição domina todas elas o único
caminho é a destruição.
(inglês)
“Rei Lear”, a última das quatros grandes
tragédias, que vai da felicidade a infelicidade, incluindo a morte. Um dos
personagens memoráveis nessa obra é o Bobo, que atua como consciência de Lear,
com frases e versinhos de humor cortante e cruel.
Assim pensava Shakespeare:
“A
finalidade de representar, tanto no princípio quanto agora, era e é oferecer um
espelho à natureza; mostrar à virtude seus próprios traços, à infâmia sua
própria imagem, e dar à própria época sua forma e aparência.”
(HAMLET, Ato III, cena II)
Para saber mais detalhes das peças de Shakespeare leia,
livro de Barbara Heliodora (1923-2015) , crítica teatral especialista em Shakespeare.
Em
1659, começou o teatro inglês num período conhecido como o da “restauração”, e
papéis femininos representados por homens travestidos foram substituídos por
mulheres, algumas ficaram famosas como Nell Gwynn.
(Nell Gwynn)
Um teatro caracterizado pela
alegria, destacando entre os autores dessa época Willian Congreve, George
Farquhar e outros. Mas, também na restauração surgiram autores trágicos como
John Dryden, Thomas Shadwell e outros.
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