terça-feira, 22 de abril de 2014

Estados Unidos Começa Dar Personalidade ao Teatro Norte-Americano

Estados Unidos Começa Construir
Seu Império Teatral


   Não há dúvida de que havia jogos dramáticos nos rituais e festas dos índios nativos da área que se transformaria nos Estados Unidos da América. Tais manifestações eram ingênuas demais para satisfazer quem vinha da Europa, e o teatro importado é que passou a ser manifestação teatral americana mais legítima.
   Como sempre fora uma atividade popular muito significativa no país de origem, o teatro chegava às colônias com um farto repertório em todos os gêneros para ser apresentado, aos colonizadores ávidos por vida cultural e entretenimento. Não podemos ter muita dúvida de que a maior parte delas seria num primeiro momento de safra mais medíocre, que buscava encontrar, no vazio cultural do Novo Mundo, novas platéias, menos seletivas do que as de Londres.
   A presença do teatro como atividade constante na vida americana aparece desde cedo; já em 1715 é escrita, e publicada, a primeira peça da América, uma sátira à população e ao senado de Nova Iorque, escrita por seu governador, Robert Hunter.
  O processo de americanização do teatro foi lento, mas por volta de 1820 já crescia o número de peças escritas por americanos e mais importante, com tipos que o público reconhecia como característicos do novo país. A influência do teatro inglês, no entanto, continuou muito forte até quase a metade do século XX.
  A partir da Guerra Civil, do Norte contra o Sul escravagista, apareceram famílias teatrais famosas, como a nascida do casamento de uma Drew com um Barrymore ou os famosos irmãos Booth. Porém Edwin foi o mais talentoso e famoso; Julius Brutus, no entanto, tornou-se mais notório, por ter assassinado o presidente Abraham Lincoln, exatamente durante uma peça teatral. 

terça-feira, 15 de abril de 2014

O Teatro Espanhol

Lope de Vega & Calderón de La Barca. 
A Força do Teatro Espanhol:


     O Teatro Espanhol foi de grande influência para modalidade de outros teatros da Europa, e dois grandes dramaturgos espanhóis se destacaram durante suas respectivas épocas.
   Começando com Lope de Vega, que publica sua obra “Arte Nuevo de Hacer Comedias” apontando diretrizes da produção teatral da sua época (teatro barroco espanhol):


  1. Divisão da obra em três atos: apresentação da trama, desenvolvimento e desfecho;
  2. Ruptura da unidade de ação: varias linhas de enredo ocorrem paralelas;
  3. Mistura do trágico com o cômico;
  4. Ruptura das unidades clássicas de tempo e lugar;
  5. Composição em versos.

   Sua maior obra foi "Fuenteovejuva", de tema político, na qual aborda os seres humanos abusando do poder para tirar proveito dos mais fracos.


   A história se passa no fim do século XV e quando o militar Fernán Gómez Guzmán passa pelo vilarejo de Fuenteovejuna (fonte das ovelhas) maltrata os camponeses e moradores da cidade. Obriga as mulheres a fazer sexo com ele. Mas uma das vítimas se revolta e acaba por matar o militar.


   O ponto alto da peça é quando as autoridades, incluindo o rei e a rainha, exigem satisfação do acontecido. Num lance genial, todo o povoado se recusa a falar os nomes dos integrantes da tragédia. Quando se faz a pergunta: "quem matou o comandante", todos respondem em uníssono: Fuenteovejuna!
   Não foi um outro, nem um grupo e sim todo o vilarejo que revoltado com os malfeitos do tirano, decidiu matá-lo.
   Parece incrível que em pleno período dos reis absolutos na Espanha da qual vivia Lope da Veiga, ele pudesse escrever isso e sair impune de uma discussão adiantada.


     O tema do tiranicídio existe em duas situações: tomar o poder por meio ilícitos; ou se, chegando ao poder por bons modos, passasse a agir em desacordo com o bom governo, desrespeitando normas mínimas de civilidade.
   Pensando bem, é quase o tema de Hamlet escrito um pouco antes. Mas a peça espanhola é mais curta e menos pretensiosa do que a de Shakespeare. São apenas três atos simples, levando ao clímax e a moral da história, mas tudo com graça e jeito, ou com engenho e arte, como se costumava dizer então.


(espanhol)

   Porém, a obra espanhola culmina mesmo com o modelo barroco no final do século XVI aonde Pedro Calderón de La Barca se faz conhecido com 100 comédias, 80 autos sacramentais e outras peças mais ocasionais.
   No seu primeiro grupo Calderón reorganiza e condensa aquilo que Lope da Vega deixa difuso, estilizando assim seu realismo tradicionalista. Personagens realistas da sua época que trazem ao Teatro Espanhol Barroco o amor, a religião e a honra ("El Alcade Zalamea")

(espanhol)

  Em outras obras, aborda o poder da paixão que chega, em especial o ciúmes patológico ("El Mayor Mostruo Del Mundo", "Los Celos").

(espanhol)

PARA AS DEMAIS PARTES 
CLIQUE AQUI

  No seu segundo grupo, usa um repertório mais cavaleireisco, forma poética simbólica ainda desconhecida, e configura o teatro lírico elevando os personagens acima do simbólico e espiritual. Escreve então temas dramas fundamentalmente filosóficos e teológicos, autos sacramentais e comédias mitológicas ou palatinas, criando personagens desequilibrados por paixão trágica ("El Principe Constante")


PARA ASSISTIR "El Principe Constante"
CLIQUE AQUI


  Seu personagem mais conhecido é Segismundo de Polonia de "La Vida es Sueño", considerada a peça maior do teatro caldeirano.
   O texto narra as aventuras de Segismundo, filho renegado de Basílio, rei da Polônia que ao nascer é trancado em uma torre. Seu único contato com o mundo externo é Clotaldo, seu guardião e fiel servo de seu pai.

(Basilio)

 (Segismundo)

   Os temas de filosofia transcendiam sua época, a liberdade, o poder de vontade junto ao destino, o ceticismo diante das aparências e também sensíveis a precariedade da existência considerada como simples sonho, isso é, dentro do sonho se pode ainda fazer o bem.




    O trecho abaixo, fonte (http://www.deleituras.com/poesia/avidaeumsonho.htm) se refere ao momento em que Segismundo, depois de ter experimentado as honrarias e pompas no palácio de seu pai, é levado a dormir sob o efeito de uma poção, e acorda novamente na masmorra em que passara toda a sua vida. Esse retorno à desgraçada condição de encarcerado se deve ao fato de ter cometido ações altamente condenáveis ao experimentar o poder, na posição de príncipe herdeiro do trono.
  Diante da infelicidade do príncipe, o carcereiro, Clotaldo, o convence de que o palácio, as belas roupas, os cortesãos, as honrarias, enfim, tudo não passou de um sonho. Acrescenta ainda que, mesmo em sonhos, ele deveria ter honrado seu pai e praticado boas ações.
  Em sua resposta Segismundo concorda com as palavras de Clotaldo, concluindo afinal que:


A VIDA É SONHO

É certo; então reprimamos
esta fera condição,
esta fúria, esta ambição,
pois pode ser que sonhemos;
e o faremos, pois estamos
em mundo tão singular
que o viver é só sonhar
e a vida ao fim nos imponha
que o homem que vive, sonha
o que é, até despertar.

Sonha o rei que é rei, 
e segue
com esse engano mandando,
resolvendo e governando.
E os aplausos que recebe,
Vazios, no vento escreve;
e em cinzas a sua sorte
a morte talha de um corte.

E há quem queira reinar
vendo que há de despertar
no negro sonho da morte?
Sonha o rico sua riqueza
que trabalhos lhe oferece;
sonha o pobre que padece
sua miséria e pobreza;
sonha o que o triunfo preza,
sonha o que luta e pretende,
sonha o que agrava e ofende
e no mundo, em conclusão,
todos sonham o que são,
no entanto ninguém entende.

Eu sonho que estou aqui
de correntes carregado
e sonhei que em outro estado
mais lisonjeiro me vi.
Que é a vida? Um frenesi.
Que é a vida? Uma ilusão,
uma sombra, uma ficção;
o maior bem é tristonho,
porque toda a vida é sonho
e os sonhos, sonhos são.
(espanhol)

  Os temas sacramentais são alegóricas e um ato de tema eucarístico, destinada a representar o dia de Corpus Christi. Podemos citar "El Gran Teatro Del Mundo" e "La Cena Del Rey Baltasar".

(espanhol)

terça-feira, 8 de abril de 2014

Teatro Bunraku & Kabuki

"A Terra do Sol Nascente" e o 
Teatro Bunraku (Bonecos) & Kabuki


  O teatro Bunraku é constituído pela associação de três elementos básicos e independentes, derivados de três tradições de atuação diferentes: os bonecos operados por manipuladores silenciosos, as palavras da narração e dos diálogos recitados e cantados pelos narradores do Joruri e também o acompanhamento musical de shamisen (instrumento musical de três cordas de origem egípcia)


   Inicialmente, esses três elementos originaram-se e desenvolveram-se separadamente, da qual cada um tendo sua própria história. O Bunraku é o teatro japonês de bonecos para um público adulto, tendo assim um drama sério, de alto nível artístico, sendo hoje considerado o mais refinado do mundo. O início do teatro de bonecos se deu no começo da civilização japonesa, quando as miko (sacerdotisas) de determinados santuários xintoístas operavam bonecos simples, um em cada mão, representando deuses ou princesas, enquanto recitavam orações. No folclore primitivo japonês, os bonecos representavam deuses ou mensageiros dos deuses, que desciam à terra para aplacar as calamidades por isso, tinha cunho religioso. Seus manipuladores no começo eram denominados kairaishi (manipuladores de bonecos), levando uma vida nômade de cigano, viajando de uma província a outra (lembra um pouco a commedia dell´arte) em pequenas trupes, atuando como saltimbancos e as mulheres maquiadas vendiam seu corpo foi por isso, que o teatro Bunraku foi ligado a prostituição. 
   Começaram com temas religiosos o que depois passou a ser puro entretenimento. Anos mais tarde se estabeleceram em alguns lugares do país.
  Surgiram os ebisu-kaki (“carregadores do deus Ebisu”), manipuladores de bonecos que faziam apresentações sobre as lendas de Ebusi-gami, um dos sete deuses da boa fortuna e da boa pesca. O palco deles era uma caixa sustentada na altura do tronco, por meio de uma tira ao redor do pescoço, e que funcionava como espécie de um palco suspenso. Os hotoke-mawashi (“manipuladores de Buda”), mesma linha de atuação dos ebusi-kaki só que conteúdo de moralidade budista.

(Ebisu-kaki)

(Ebisu)

   O Bunraku foi criado pelo povo, os citadinos, no inicio do período Edo (1600–1868). Existiam dois tipos de manipulação: método tsukkomi (enfiar), método katatezukai (manipulação com uma mão).
   A cada ano os bonecos iam sendo aprimorados na aparência física e ao longo da sua concepção foi ficando mais realistas, como as sobrancelhas móveis. Por ser um teatro da massa, os dramaturgos unem esforços na criação de novas peças, com uma redução das descrições líricas dos cenários, aumentos de diálogos e o conteúdo dramático mais realista. Foi o auge em relação ao realismo, mas ao mesmo tempo, a quebra do iluminismo dramático com a presença de manipuladores, do narrado e do músico, atuando inteiramente à vista do público.

(inglês)

(italiano)

  Já a trajetória do Teatro Kabuki é dividido em quatro partes distintas durante sua evolução:
Anos de Formação: 

  Deu-se início com a bela Okuni, miko do Grande Santuário de Izumo. Sob pretexto de angariar fundos para o templo ela e seu grupo de lindas dançarinas vão a Kyoto para fazer apresentações de canções e danças budistas, presume que isso aconteceu por volta de 1603. 


  Pela ideologia budista da época, era totalmente proibido mulheres se apresentarem nos palcos japoneses, mesmo assim o grupo perambulava em todas as províncias do Japão, solicitando colaboração do santuário, mas que na realidade era um misto de apresentação de dança sensual e prostituição.
   Grupos de atores de kyôgen (teatro cômico japonês) desempregados juntam-se ao grupo de Okuni, e as danças lascivas, acompanhadas de baladas, passam a ser entremeadas por pequenos interlúdios cômicos denominados saruwaka. Por fim eles acabaram transformando a dança religiosa numa espécie de opereta. No início do século XVII, o Kabuki ganha sucesso artístico e financeiro devido sua popularidade. O grupo de Okuni estimula novas criações de outros grupos de mulheres e assim se espalhando por todo o Japão.

(estátua em homenagem a Okuni na margem do Rio Kamo em Kyoto)

  Mas o apelo erótico de algumas peças Kabuki, a prostituição descarada de algumas atrizes, fez o estilo ser uma afronta a moralidade da sociedade da época, levando o nome de yûjyo kabuki (kabuki das prostitutas).

Kabuki de Mocinhos (wakashu kabuki):

   Após o grande sucesso do Kabuki de mulheres mesmo sendo imoral, surge o novo Kabuki de Mocinhos, tem esse nome porque era um teatro com danças executas por belos mocinhos, que eram especialistas em técnicas acrobáticas e familiarizados com o kyôgen, tornando sucesso no final do século XVI. Os cabelos longos cuidadosamente elaborados, a beleza vocal e facial, aliadas à sensualidade, tornam-se essenciais aos integrantes desse Kabuki. E mais uma vez a história se repete, de imenso sucesso, mas os rapazes nos quimonos travestidos de mulheres acabavam por aprofundar o aspecto lascivo do Kabuki, exercendo um fascínio irresistível sobre a platéia de admiradores masculinos e constituindo prelúdios para a homossexualidade e a prostituição. De volta com a imoralidade o governo militar decide fechar todos teatros kabukis e proibi a atuação de adolescentes nos palcos.

(wakashu)

  Kabuki de Homens Adultos (yarô kabuki): 
  
   A história do Teatro Kabuki como o teatro elisabetano, foi marcada pela repressão, exatamente devido a sua grande popularidade junto às massas. A partir desse momento, como na Inglaterra, todos os papéis no teatro Kabuki passam a ser interpretados por homens, dando nascimento a instituição dos onnagata (atores especializados em papéis femininos), uma tradição mantida até hoje.

(onnagata)

   Durante a primeira fase do Kabuki adulto, desenvolvem-se dois tipos distintos de peças Kabuki: o "keisei-kai", relacionado ao mundo dos artesões e o "tanzenroppô", que trata de um lado mais arrojado da vida das cidades.
   A política de isolamento nacional do Japão vai tornar–se um dos fatores primordiais do desenvolvimento do Kabuki como forma peculiar de teatro. Com o subsequente desenvolvimento do folclore, dialetos regionais e diferenças culturais, surgem dois estilos fundamentais de atuação no Kabuki, o aragoto e o wagoto.

  Maruhon Kabuki:

  Adaptação de peças do Teatro Bunraku. Os papéis desempenhados pelos bonecos no Bunraku, agora são substituídos pelos atores de Kabuki, que tiveram que desenvolver um perfeito controle de seus corpos para imitá-los, uma linguagem corporal de grande impacto emocional. Houve também assimilação da musicalidade, composição e produção dos dramas, acentuando a tendência de estilização e a natureza de drama musical. Essa arte dramática japonesa permaneceu até o fim do século XIX como forma teatral dominante do Japão.

CLIQUE AQUI PARA ASSISTIR 
UMA PEÇA MARUHON KABUKI




    Atualmente, os teatros de Kabuki são construídos em estilo ocidental para facilitar a instalação de equipamentos, mas ainda mantém características tradicionais como:
   Hanamichi (rampa de passo-florido). Além de ser a passagem que liga o fundo do teatro ao lado esquerdo do palco, proporcionando o caminho para a entrada e a saída dos atores, é considerada parte do palco principal, onde ocorrem algumas cenas mais importantes das peças.

 (Hanamichi)

(observe o pinheiro sagrado Yogo tradiconal do Teatro Nô)

(para saber mais sobre o teatro Nô, CLIQUE AQUI)

   Mawari-butai (palco giratório). Inventado no Japão há mais de 300 anos, serve para realizar mudanças rápidas de cenas sem interromper a sequência do enredo. 

 (por dentro)


   Outros aspectos o palco do Kabuki é retangular e mais baixo do que os teatros ocidentais. As cortinas dos teatros de Kabuki são em cores castanho avermelhado, preto e verde e não são puxadas verticalmente e sim, lateralmente.






quarta-feira, 2 de abril de 2014

Teatro Para "Inglês Ver" - Kyd, Udall, Marlowe e Shakespeare

O Tradicional Chá das 5 da Rainha Elizabeth e o Teatro Inglês:

  Era extremamente propício o florescimento do teatro do fim do século XVI com a Inglaterra sob o reinado da Rainha Elizabeth.

(Elizabeth I, pintura de 1575)

   Nicholas Udall primeiro dramaturgo inglês, apresenta uma adaptação de peça escrita por Plauto. Nove anos mais tarde surge uma adaptação mais perfeita: trata-se da primeira tragédia em moldes clássicos apresentada em palco inglês e seus autores são Gorboduc de Thomas Sackville e Thomas Northon. Eles modificaram o tema de uma tragédia de Sêneca inserindo em sua temática na crônica dos reais anglo-saxônicos.
  Porém esse tipo de teatro clássico foi decaindo e deu abertura para um novo tipo de visão teatral surgindo assim o Teatro Elisabetano.
  Um teatro que possui formato circular ou poligonal, sem teto e de madeira. O palco avançava até o meio do edifício de tal forma que o público o cercava por três lados tendo boa visibilidade. Alguns destes tinham três níveis à afim de que várias cenas pudessem ser representadas simultaneamente, mas no seu início inspirado pelos circos da época, usavam locais improvisados e abertos como os pátios de hospedaria. 
(Clique AQUI para saber mais sobre o espaço cênico elisabetano)

(visão térrea do Palco Elisabetano)

(visão de cima)

  Os atores eram profissionais e recitavam no meio, não diante do público, tornado-se assim um participante do drama. A ausência de decoração e de efeitos especiais melhorava na concentração, na expressão gestual, mímica e verbal dos atores. Não existiam interrupções entre um ato e outro, já que era escassa de cenografia. O mobiliário e os objetos davam a localização da ação (um trono era a corte, uma mesa uma taverna, etc.) Um teatro muito popular, mas de má reputação.
  O teatro espanhol forneceu um grande acervo de obras para os dramaturgos ingleses, que muito com ele se parece: variedade de enredos históricos, novelísticos, patrióticos, cômicos, construção em atos. Alguns dramaturgos ingleses tiveram grande destaque no teatro dessa época: Thomas Kyd, Christopher Marlowe, Ben Jonson, William Shakespeare.
  Em geral, o autor inglês, não tinha a preocupação de buscar temas clássicos grego-latinos, como assuntos para suas peças, pois sabia que seu público estava interessado nos assuntos do seu país. Havia a fusão da tragédia e comédia e do novelesco. Suas representações envolviam todas as classes sociais, desde príncipes até camponeses mais humildes.
  A primeira obra teatral inglesa de importância foi escrita por Thomas Kyd “A Tragédia Espanhola”, misto de tragédia, de horrores e peça popular, a primeira tragédia de vingança. Thomas Kyd foi uma das figuras mais importantes do Teatro Elisabetano.


  Christopher Marlowe foi precursor de Shakespeare, autor de imensa obra dramática que pode ser bem representada pela citação de “O Judeu de Malta” (Clique AQUI para saber mais sobre o enredo) e também "Fausto", peça escrita em 1588 ou 1592, com base na história do Dr. Fausto, 1587, onde Fausto é o protagonista de uma popular lenda alemã de um pacto com o demônio. Essa história é baseada no médico, mago e alquimista alemão Dr. Johannes Georg Faust (1480-1540).


(Christopher Marlowe)

  William Shakespeare revelou na suas obras uma talentosa fusão de influências clássicas, tradições medievais e no espírito de sua época, colocava o ser humano no centro dos acontecimentos. Teve o dom de captar com igual maestria as paixões mais turbulentas e os sentimentos mais puros, a mais rica alegria e o mais penoso desespero. Concebeu as tragédias mais sombrias e as situações mais cômicas, narrando-as com justeza de sua expressão e a magia do seu verbo. Exemplos como:

"Romeu & Julieta" personificação do amor irrealizado. 
"Otelo"protótipo do ciumento. 
"Macbeth"ambição e remorso. 
"Henrique VI"retrato inescrupuloso, mas divertido beberrão. 
"O Mercador de Veneza" usuário materialista por excelência. 
"Hamlet"o dilema do homem de intensa vida espiritual.

  William Shakespeare nasceu numa época privilegiada para o teatro, pois com a Renascença tudo estava acontecendo no campo da ciência e da tecnologia, aguçando a curiosidade do povo, e ao teatro coube o papel de satisfazê-la. Esse Teatro Elisabetano era a caixinha mágica do momento.


(William Shakespeare)

   A leitura de seus textos requer grande imaginação do leitor, porque não há interferência de um narrador que esclareça o que este ou aquele personagem possa estar pensando naquele momento, cada personagem fala da sua própria pessoa. Peças que cobrem anos tem locais variados e existem até dezenas de personagens. Shakespeare, então passou por ignorante literário e criminoso contra as boas maneiras, já que escrevia sobre toda espécie de gente e classes, com vocabulário condizente.
   Seus temas favoritos aparecem desde o inicio, mas o tratamento se aprofunda à medida que ele amadurece como pessoa e artista.
  Shakespeare viveu numa época de grande orgulho inglês, daí nasceu a “peça cômica”, contando a vida dos reis e heróis. A primeira trilogia foi com "Henrique VI" surgindo assim a “peça histórica” trazendo à trama do personagem a natureza do bom e mau governo.
  Já "Ricardo III", é o primeiro personagem que usa a convicção da época de que a deformação física reflete a corrupção moral.


(legendando)

   Com a “Megera Domada”, mostra o autor seguro com a comédia, o que traz personagens bem definidos pelo diálogo, tratando da ordem de casamento e família, com uma linguagem com menos rimas e mais fluente da vida real.


(inglês)

  "Sonho de Uma Noite de Verão" até hoje é representado, pois apresenta um dos poucos enredos originais do autor. Possui dois universos distintos: o casamento de Hermia e Lisandro e os artesões que ensaiam sua peça para a festa de casamento do duque e Helena e Demétrio. Historia passada na Grécia antiga, porém uma das peças mais inglesas de Shakespeare.



(inglês)

  A clássica história de "Romeu & Julieta", mostra a única tragédia lírica, baseada no poema de Arthur Brooke de 1559.


(inglês)


(inglês)



(Arthur Brooke)

  Houve uma época em que Shakespeare retorna às peças históricas da relação do governante com o poder como é o caso de “Rei João”, que lida com os conflitos bem x mal das moralidades para retratar os desmandos do reinado do chamado João sem Terra. “Ricardo II” indaga se é melhor um mau rei legitimo ou um bom rei usurpador.
   Meio a preocupações políticas em 1599, Shakespeare escreve  “As Alegres Comadres de Windsor”, escrita em duas semanas, única peça que se passa no cotidiano da classe média inglesa.
  Entre 1599 e 1608, escreveu sete tragédias, nas quais o tema é o mesmo: como o homem enfrenta o mal que sempre existe e o que o mal faz a ele. 
  “Julio César” foi o primeiro que fica no meio da peça histórica e trágica, de uma linguagem magistral, invoca a imaginação romana.


(espanhol)

  “Hamlet” a mais famosa, de linguagem rica, porém comedida referência de uma antiga saga nórdica, uma história de vingança, que se transforma numa investigação sobre a condição humana.


(espanhol)

  “Otelo”, o mal é também é externo e a tragédia expressa o horror que ele pode trazer a um homem  bom e integro. Shakespeare criou "Otelo" com uma dignidade, uma majestade a que nenhum de seus outros personagens protagonistas trágicos se iguala.

(inglês)

  “Macbeth”, aparece o personagem cindido, com o mal presente nele mesmo. Exemplar defensor do reino, heróico em batalha, pessoa dotada de virtudes, mas quando a ambição domina todas elas o único caminho é a destruição.



(inglês)

  “Rei Lear”, a última das quatros grandes tragédias, que vai da felicidade a infelicidade, incluindo a morte. Um dos personagens memoráveis nessa obra é o Bobo, que atua como consciência de Lear, com frases e versinhos de humor cortante e cruel.
   



Assim pensava Shakespeare:

“A finalidade de representar, tanto no princípio quanto agora, era e é oferecer um espelho à natureza; mostrar à virtude seus próprios traços, à infâmia sua própria imagem, e dar à própria época sua forma e aparência.” 
(HAMLET, Ato III, cena II)


Para saber mais detalhes das peças de Shakespeare leia, 



livro de Barbara Heliodora (1923-2015) crítica teatral especialista em Shakespeare. 


  Em 1659, começou o teatro inglês num período conhecido como o da “restauração”, e papéis femininos representados por homens travestidos foram substituídos por mulheres, algumas ficaram famosas como Nell Gwynn


(Nell Gwynn)

  Um teatro caracterizado pela alegria, destacando entre os autores dessa época Willian Congreve, George Farquhar e outros. Mas, também na restauração surgiram autores trágicos como John Dryden, Thomas Shadwell e outros.