quinta-feira, 22 de maio de 2014

O Teatro Francês Com Fígaro

A França e a Trilogia de Fígaro

  Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais, é o autor francês responsável pelo personagem de Fígaro, presente na trilogia constituída pelas comédias "O Barbeiro de Sevilha", "As Bodas de Fígaro", e pelo drama "A Mãe Culpada". Pierre nasceu em 1732.

 Beaumarchais

 O seu gênio literário revelou-se nas suas comédias quando retratou com alguma impertinência, a sociedade do seu tempo. Comédias que foram depois aproveitadas, respectivamente, por Mozart e Rossini para criação das óperas " O Barbeiro de Servilha" e "As Bodas de Fígaro".




  Ao lado de Moliére e Marivaux, Beaumarchais é considerado um dos três grandes comediógrafos da época clássica francesa.

A Mãe Culpada

  A trilogia de Fígaro é de tamanho sucesso que até hoje nos dicionários ocidentais passaram a figurar o termo fígaro como sinônimo de barbeiro.
  No teatro de Beaumarchais, "O Casamento de Figáro" tem lugar em Sevilha, alguns anos depois dos fatos narrados em "O Barbeiro de Sevilha", em que o conde de Almaviva tinha conseguido casar-se com Rosina, graças à astúcia do barbeiro Fígaro. Mas, se em "O barbeiro..." o amor que triunfava era do conde, em "O casamento" é o do criado. Não por acaso, esta última comédia transpira uma mentalidade tão aristocrática quanto a própria Revolução Francesa.


O Barbeiro de Sevilha


   A felicidade, porém, dos futuros esposos (Fígaro e Sussana), está ameaçada porque o conde julga ter "direito de pernada" sobre a sua criada Sussana e o que explica, de fato, o argumento é a maneira como o criado conseguem vencer e ridicularizar as pretensões sexuais do aristocrata. A comédia "O barbeiro..." é considerada uma comédia de intriga , bem como de uma sátira social ainda tradicionalmente voltada contra os velhos, os médicos, os literatos e os juízes, embora, Fígaro já dirija farpas à aristocracia, sobre tudo em suas reflexões sobre relação patrão-criado. O enredo da ópera satiriza a ordem social francesa rigidamente estabelecida e em plena decadência no período pré-revolução.

Prólogo - Barbeiro de Sevilha


  Já a comédia "O casamento", levou de 06 a 07 anos para ser apresentada, sendo proibidas até pelo próprio Rei Luis XVI.
  Uma comédia de intriga em que situações cômicas, disfarces e trocas de pessoas se sucedem em ritmo vertiginoso e envolvente; uma comédia romanesca, com duas belas e originais histórias de amor em que o problema não é conquistar o ser amado, mas manter contra seus próprios impulsos libertinos. Uma comédia psicológica, com pelo menos seis estudos de caráter profundo e bem delineados. (O conde Almaviva, Fígaro, Sussana, Cherubino e Marcelina).

Conde Almaviva

Sussana

Cherubino - personagem travestido

Marcelina

   Uma bem sucedida comedia-ballet ao gosto clássico que associando o teatro, canto e dança, que adequa-se, por sinal, perfeitamente ao interesse contemporâneo pelos espetáculos musicais; quadros de comicidade caricatural, como particularmente a cena do julgamento que apresenta em traços farsescos a Justiça da época; e finalmente uma sátira social que aborda grande parte das questões que estão na ordem do dia às vésperas da Revolução Francesa, não de maneira acerba e panfletária, mas a partir do riso, os risos dos espectadores. 


  O "élan vital" triunfa sobre as angústias do tempo, nessa comédia em que os que estão insatisfeitos com o mundo estão, por outro lado, fundamentalmente de bem com a vida. E talvez seja essa radical alegria de viver de Beaumarchais e de suas personagens que faça de "Le Mariage de Fígaro" uma peça clássica no sentido mais completo do termo, ou seja, contemporânea a todas as épocas.

   Para terminar segue abaixo o ponto de vista da importância de Beaumarchais para Charles Péguy: escritor francês, fundador de "Cahiers de la Quinzaines" revista de circulação bimestral na década 1900:

"se eu fosse professor de história da França, (quer dizer a história), e talvez de história do mundo, eu mandaria meus alunos lerem La Mère Coupable...Faria com que lessem primeiro as duas comédias; e em seguida o drama...Nada permitiria melhor medir a diferença de tempo, a diferença de tom, enfim o que faz propriamente a história e o período e os incidentes de um povo e do mundo. Gostaria de dar aos meus alunos o gosto, mesmo, o sabor por assim dizer físico do que era 1775, 1784, 1792: eu os faria ler simplesmente essas três peças."

Charles Péguy

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