terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Teatro Atual é Teatro Consciente

TeAtRo & SuA FuNçÃo SoCiAl


O teatro na cidade de São Paulo pode ajudar a educação brasileira       

    Eu destino esse post como aluno de teatro participante de alguns projetos culturais no município de São Paulo e também como cidadão brasileiro após ver algumas notícias sobre o fraco desempenho da educação nacional.
  Inicio falando um pouco sobre o PROGRAMA MUNICIPAL DE FOMENTO AO TEATRO, criado exatamente à 12 anos (Lei Nº 13.279 - 8 de Janeiro de 2002), coordenado pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Por ser um tema complexo decidi apenas pincelar o foco geral do programa.

para saber mais sobre o progama acesse a página oficial:


"O Projeto Fomento vai em direção contrária ao mercado cultural na busca da formação crítica de quem faz e quem vê teatro."
(trecho retirado do livro "Teatro & Vida Pública")

  Hoje o que chamamos de Lei de Fomento nasceu a partir do manifesto Arte Contra Barbárie, encontros entre os agentes teatrais de grupos e companhias paulistas.

acesse: 

"O objetivo maior da Lei de Fomento é o cidadão, a população. Lutar pelo direito à cultura significa ter em mente que somos agentes, que somos meios para que as pessoas tenham acesso ao bem cultural e artístico. Se o "Fomento" vem proporcionando condições mínimas de trabalho aos coletivos contemplados não podemos nos acomodar dentro dos nossos grupos e companhias, mas ter em vista sempre o público, que afinal é quem contribui com os impostos para que haja saúde, educação e cultura. Quem sabe possamos promover a melhoria da vida em nossa sociedade."
(trecho retirado do livro "Teatro & Vida Pública")
  
E como funciona na prática o tal do Fomento?

Atenção:
Como tudo, a Lei do Fomento tem seus prós e seus contras, porém, abordo 
o lado positivo que trouxe aos grupos teatrais paulista.

   Grupos independentes que não tenham patrocínio para gerar recursos para o desenvolvimento de seu trabalho criativo tem a oportunidade de mandar o seu projeto para a Banca Avaliadora da Lei de Fomento. Essa banca em geral é composta por uma equipe do meio artístico teatral com uma boa caminhada sobre as verdadeiras necessidades de um coletivo, além de possuir ou ter experienciado um grupo já consolidado.
   As inscrições são feitas entre os meses de Janeiro e Junho de cada ano, onde o projeto deve mostrar seu objetivo, plano de trabalho, cronograma financeiro (esse com limite), componentes do grupo e histórico do coletivo. A verba que vai abastecer esses grupos serão providas pela Secretária Municipal de Cultura.
  Desde seu surgimento a criação de novos coletivos teatrais cresceu bastante e continua crescendo (o que não significa que todos se firmam), mesmo assim, essa nova leva, aproximou o teatro daquela população que nunca tinha tido a oportunidade de pisar num "teatro convencional". Muito desse surgimento deriva de projetos paralelos à Lei do Fomento, como é o caso do Programa Teatro Vocacional, que são espaços públicos abertos como C.E.U., Bibliotecas, Teatros Públicos, realizando oficinas gratuitas para a população local trazendo muitas vezes o primeiro contato com o mundo teatral.
    O objetivo principal do Fomento não é somente o resultado do trabalho em si, no caso, uma peça de conclusão como item de avaliação, mas é favorecer a pesquisa, a busca de novas linguagens teatrais de um trabalho contínuo, e principalmente, favorecer a população sendo o teatro como um instrumento educacional.
   Grupos que são ou já foram fomentados como "Brava Companhia", "Companhia Sobrevento", criam novos espaços do fazer teatro, levam seus espetáculos as periferias paulistas, lugares onde uma determinada comunidade não tenha fácil acesso aos tradicionais teatros (seja por locomoção ou fator financeiro) e também para as ruas do centro da cidade paulista. Muitas das peças são textos críticos que fazem o espectador refletir a sua verdadeira postura na sociedade contemporânea.
    E o melhor de tudo, são peças gratuitas, ou seja, o teatro se torna algo mais próximo da realidade financeira brasileira.

"Este Lado Para Cima" - Brava Companhia

 "Este Lado Para Cima" - Brava Companhia

 Corinthians, Meu Amor - 2012

"A Brava"






"São Manuel Bueno, Mártir"


uma programação de 2013

                                       SAIBA MAIS: "GRUPO SOBREVENTO"

  Eu bato diversas vezes na tecla "educação-teatro", porque sempre vi o teatro como algo transcendente do entretenimento. Sendo algo sublime que leva o espectador a refletir, questionar, modificar ou mesmo até negar determinada situação. Longe de mim vê o teatro como um dogma, porém, ele exercita o plano da nossa criatividade para tornar a sociedade mais humana e justa.

    Mas como é possível cada um refletir sobre o seu espaço na sociedade, se não existe uma educação adequada que leve aos primeiros passos desse conhecimento?
  
   Veja, entre 144 países avaliados segundo o Fórum Econômico Mundial apresentado no dia 10 de Abril 2012, o Brasil aparece no 116º lugar em educação, atrás, por exemplo, de Chade, Suazilândia e Azerbaijão. Temos uma grande população, mas o ensino de massa, onde pessoas são "números", servem apenas para mostrar nos gráficos durante as campanhas eleitorais. Esse tipo de conduta, não forma seres pensantes.

Veja a notícia:

  Com um governo nem sempre adequado, honesto e transparente, a educação para atender tamanha demanda virou linha de produção sem qualidade. Se perguntamos o que é educação, muitos não sabem responder.

Definição de educação, segundo Dicionário Online de Português:
Ação de desenvolver as faculdades psíquicas, intelectuais e morais: 
a educação da juventude.

   Se hoje, vemos situações na qual  alunos batem, arremessam mesas, cadeiras, rasgam diários de classe dos professores, como podemos querer uma sociedade que pense e respeite?
   Apesar desse lado negativo, podemos observar também iniciativas desse desenvolvimento do ser pensante, como é o exemplo de professores da rede de escolas públicas levarem seus alunos aos teatros para assistirem peças a preços populares.
   Isso já é um passo que favorece uma melhoria na qualidade da educação. E já que por enquanto, não temos o respaldo necessário de um governo interessado em terminar com o privilégio de poucos, temos em contra partida, uma parcela da sociedade sedenta por sair dessa linha de produção sem qualidade e se tornar um ser pensante!
   É o "jeitinho brasileiro" do bem!


OBS: para saber mais sobre a Lei de Fomento, sobre a democratização do 
teatro consulte o livro:
“Teatro e Vida Pública – O fomento e os coletivos teatrais de São Paulo” 
lançado pela Cooperativa Paulista de Teatro em 2012


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