TeAtRo & SuA FuNçÃo SoCiAl
O teatro na
cidade de São Paulo pode ajudar a educação brasileira
Eu destino esse post como aluno de teatro
participante de alguns projetos culturais no município de São Paulo e também
como cidadão brasileiro após ver algumas notícias sobre o fraco desempenho da
educação nacional.
Inicio falando um pouco sobre o PROGRAMA MUNICIPAL
DE FOMENTO AO TEATRO, criado exatamente à 12 anos (Lei Nº 13.279 - 8 de Janeiro de 2002), coordenado pela Secretaria Municipal
de Cultura de São Paulo. Por ser um tema complexo decidi apenas pincelar o foco geral do programa.
para saber mais sobre o progama acesse a página oficial:
"O Projeto
Fomento vai em direção contrária ao mercado cultural na busca da formação crítica de quem faz e
quem vê teatro."
(trecho retirado
do livro "Teatro & Vida Pública")
Hoje o que chamamos de Lei de Fomento nasceu
a partir do manifesto Arte Contra Barbárie, encontros entre os agentes
teatrais de grupos e companhias paulistas.
"O objetivo
maior da Lei de Fomento é o cidadão, a população. Lutar pelo direito à cultura
significa ter em mente que somos agentes, que somos meios para que as pessoas
tenham acesso ao bem cultural e artístico. Se o "Fomento" vem
proporcionando condições mínimas de trabalho aos coletivos contemplados não
podemos nos acomodar dentro dos nossos grupos e companhias, mas ter em vista
sempre o público, que afinal é quem contribui com os impostos para que haja
saúde, educação e cultura. Quem sabe possamos promover a melhoria da vida em
nossa sociedade."
(trecho retirado
do livro "Teatro & Vida Pública")
E como funciona na
prática o tal do Fomento?
Atenção:
Como tudo, a Lei do Fomento tem seus prós e seus contras, porém, abordo
o lado positivo que trouxe aos grupos teatrais paulista.
Grupos independentes que não tenham
patrocínio para gerar recursos para o desenvolvimento de seu trabalho criativo
tem a oportunidade de mandar o seu projeto para a Banca Avaliadora da Lei de
Fomento. Essa banca em geral é composta por uma equipe do meio artístico
teatral com uma boa caminhada sobre as verdadeiras necessidades de um coletivo,
além de possuir ou ter experienciado um grupo já consolidado.
As inscrições são feitas entre os meses de
Janeiro e Junho de cada ano, onde o projeto deve mostrar seu objetivo, plano de
trabalho, cronograma financeiro (esse com limite), componentes do grupo
e histórico do coletivo. A verba que vai abastecer esses grupos serão providas pela
Secretária Municipal de Cultura.
Desde seu surgimento a criação de novos
coletivos teatrais cresceu bastante e continua crescendo (o que não
significa que todos se firmam), mesmo assim, essa nova leva, aproximou o
teatro daquela população que nunca tinha tido a oportunidade de pisar num
"teatro convencional". Muito desse surgimento deriva de projetos paralelos
à Lei do Fomento, como é o caso do Programa Teatro Vocacional, que são espaços
públicos abertos como C.E.U., Bibliotecas, Teatros Públicos, realizando oficinas
gratuitas para a população local trazendo muitas vezes o primeiro contato com o
mundo teatral.
O objetivo principal do Fomento não é somente
o resultado do trabalho em si, no caso, uma peça de conclusão como item de
avaliação, mas é favorecer a pesquisa, a busca de novas linguagens teatrais de
um trabalho contínuo, e principalmente, favorecer a população sendo o teatro como
um instrumento educacional.
Grupos que são ou já foram fomentados como "Brava
Companhia", "Companhia Sobrevento",
criam novos espaços do fazer teatro, levam seus espetáculos as periferias
paulistas, lugares onde uma determinada comunidade não tenha fácil acesso aos tradicionais teatros (seja por locomoção ou fator financeiro) e também para
as ruas do centro da cidade paulista. Muitas das peças são textos críticos que
fazem o espectador refletir a sua verdadeira postura na sociedade contemporânea.
E o melhor de tudo, são peças gratuitas, ou
seja, o teatro se torna algo mais próximo da realidade financeira brasileira.
"Este Lado Para Cima" - Brava Companhia
"Este Lado Para Cima" - Brava Companhia
Corinthians, Meu Amor - 2012
"A Brava"
SAIBA MAIS: blog "BRAVA COMPANHIA"
"São Manuel Bueno, Mártir"
uma programação de 2013
SAIBA MAIS: "GRUPO SOBREVENTO"
Eu bato diversas vezes na tecla "educação-teatro", porque sempre vi o teatro como algo transcendente do
entretenimento. Sendo algo sublime que leva o espectador a refletir, questionar,
modificar ou mesmo até negar determinada situação. Longe de mim vê o teatro
como um dogma, porém, ele exercita o plano da nossa criatividade para
tornar a sociedade mais humana e justa.
Mas como é possível cada um refletir
sobre o seu espaço na sociedade, se não existe uma educação adequada que leve
aos primeiros passos desse conhecimento?
Veja, entre 144 países avaliados segundo o
Fórum Econômico Mundial apresentado no dia 10 de Abril 2012, o Brasil aparece
no 116º lugar em educação, atrás, por exemplo, de Chade, Suazilândia e
Azerbaijão. Temos uma grande população, mas o ensino de massa, onde pessoas são
"números", servem apenas para mostrar nos gráficos durante as campanhas
eleitorais. Esse tipo de conduta, não forma seres pensantes.
Veja a notícia:
Definição de
educação, segundo Dicionário Online de Português:
Ação de desenvolver
as faculdades psíquicas, intelectuais e morais:
a educação da juventude.
Se hoje, vemos situações na qual alunos batem, arremessam mesas, cadeiras,
rasgam diários de classe dos professores, como podemos querer uma sociedade
que pense e respeite?
Isso já é um passo que favorece uma melhoria
na qualidade da educação. E já que por enquanto, não temos o respaldo necessário
de um governo interessado em terminar com o privilégio de poucos, temos em contra
partida, uma parcela da sociedade sedenta por sair dessa linha de produção sem
qualidade e se tornar um ser pensante!
É o "jeitinho brasileiro" do bem!
OBS:
para saber mais sobre a Lei de Fomento, sobre a democratização do
teatro
consulte o livro:
“Teatro e Vida
Pública – O fomento e os coletivos teatrais de São Paulo”
lançado pela
Cooperativa Paulista de Teatro em 2012
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